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Falsos arautos (por Mary Zaidan)

Direita e esquerda pregam liberdade de expressão mas abominam o contraditório, principal motor da democracia

atualizado

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Agência Brasil
A imagem mostra duas manifestações, uma de esquerda e outra de direita, em momentos diferentes -- Metrópoles
1 de 1 A imagem mostra duas manifestações, uma de esquerda e outra de direita, em momentos diferentes -- Metrópoles - Foto: Agência Brasil

Os conceitos de democracia e liberdade têm sido sistematicamente abusados à direita e à esquerda, ambos os campos metidos a donos de todas as virtudes. Os dois lados são ostensivos pregadores da liberdade, mas desqualificam qualquer um que a use para criticá-los. Nada é tão simbólico disso quanto o recente episódio envolvendo o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, filho zero três do ex, em missão anti-Brasil nos Estados Unidos de Donald Trump.

À exceção do Itamaraty, que nos bastidores tenta conter danos, os demais atores do caso parecem estar em uma competição de quem erra mais.

Eduardo – que nesta semana estampa a capa da revista semanal Veja com uma entrevista em que defende o pai, mas revela excitação com uma eventual candidatura à Presidência – acusa a “ditadura” do ministro do STF Alexandre de Moraes ao mesmo tempo em que defende a censura e as sanções de Trump à Corte brasileira. Anda se sentindo empoderadíssimo.

Até pouco tempo, o filhote auto-exilado custeado pelo papai era chacota, tratado como um perdedor que traíra os votos recebidos em São Paulo para se encastelar nos Estados Unidos. Continuaria assim se o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), não pedisse à Procuradoria-Geral da República para investigá-lo.

O movimento de constitucionalidade duvidosa, possivelmente pré-combinado com o governo do presidente Lula e com o Supremo, deu corda às trapalhadas seguintes. O PGR Paulo Gonet apresentou denúncia ao STF, a qual foi parar nas mãos de Moraes, que, para alegria de Eduardo, decidiu por tocar o inquérito.

A abertura do processo – ou melhor, a burrice de abrir o processo – deu o fôlego de que Eduardo precisava para engrossar a falácia de perseguição do Supremo ao clã. Publicações de extrema direita dos Estados Unidos se deliciaram. Uma delas, do Epoch Media Group, ligado ao movimento religioso Falun Gong, acusa o Brasil de ter se tornado uma ditadura.

Mas a questão – que ganhou tintas mais pesadas após a declaração do secretário de Estado de Trump, Marco Rubio, de que não estavam descartadas sanções ao ministro Moraes, que seria um “inimigo da liberdade” -, nada tem a ver com liberdade, muito menos com democracia. Nem  direita nem esquerda dos Estados Unidos, por aqui ou em outras partes do mundo, têm preocupação ou apreço aos valores democráticos. Usam e abusam deles de acordo com a conveniência.

Lula, eleito com o mote democracia, reuniu forças suprapartidárias e as descartou celeremente. Já chegou a dizer que a Venezuela dos ditadores Hugo Chávez e Nicolás Maduro tinha democracia demais, e continua a ver com simpatia líderes autocráticos como o russo Vladimir Putin. No seu entorno há os que preferem a liberdade controlada, que apoiam absurdos como processos contra a imunidade parlamentar de opositores ou a suspensão judicial de perfis nas redes sociais de quem comete o pecado de opinião.

Do outro lado, bolsonaristas denunciam perseguição à opinião deles, mas lacram quem defende pautas diferentes das suas, como a do direito ao aborto ou políticas públicas para a população LGBTI+. Elogiam déspotas como Viktor Orbán, presidente da Hungria, empunham sorridentes bandeirinhas de Israel, cujo governo mata palestinos sem dó, incluindo milhares de crianças. Exibem o boné “Make America great again”, mesmo com a América de Trump massacrando a economia liberal e a liberdade de expressão em seu próprio país, no mundo, e, claro, no Brasil. Aplaudem a pressão sobre o Supremo e ficam mudos quanto à tarifa para o aço brasileiro, que no próximo dia 4 pula de 25% para 50%.

Um dos ícones dessa turma, deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), geniozinho digital e detrator-mor do governo Lula, chegou a defender a censura trumpista de vasculhamento das redes sociais de pretendentes a bolsa de estudos, que arão a ter a privacidade violada se quiserem obter visto de entrada nos Estados Unidos. Esta é a liberdade do país do monstro laranja.

Encasquetado com os veículos de comunicação, muitos deles tidos como inimigos pelos dois lados – Globolixo ou “isso a mídia não mostra” são jargões da esquerda e da direita -, e pouco versado nos meios digitais, Lula sofre mais com os novos tempos. Desconfia da mídia, já tentou controlá-la, embora, ao contrário do ex, tenha com ela uma relação respeitosa. Bolsonaro, conhecido por xingar jornalistas, navega pelas redes com intimidade, mas odeia qualquer coisa que não sejam os canais de direita.

Em comum, os dois lados abominam o contraditório, principal motor da democracia, cuja serventia se limita a lustrar o discurso de ambos. Eles creem mesmo é na unção divina. Isso vale para o presidente Lula – “Deus deixou o sertão sem água porque sabia que eu ia ser presidente” – e para o ex Bolsonaro, autointitulado mito, garoto propaganda de torturadores e réu por tentativa de golpe de Estado.

Como é improvável emplacar democracia e liberdade em um cenário desses, até a ateia aqui roga por um milagre.

 

Mary Zaidan é jornalista 

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