BC: Pacheco e CAE tentam definir data para sabatina de Galípolo

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta cravar 10 de setembro como a data da sabatina de Gabriel Galípolo, indicado para presidir o Banco Central (BC), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado Federal. No entanto, a data sofre resistência por parte dos senadores, que querem mais tempo para discutir o assunto.

O presidente da CAE, o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), irá se reunir com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nesta terça-feira (3/8), para discutir uma possível data para a sabatina de Galípolo. Ainda não há um horário definido para o encontro, mas é possível que ocorra após a sessão da comissão, marcada para às 10h.

A expectativa do governo federal é de que o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), leia o relatório da indicação de Gabriel Galípolo na sessão da Comissão de Assuntos Econômicos de terça, e sabatina seja marcada.

Como o Metrópoles mostrou, os senadores querem discutir a sabatina de Gabriel Galípolo entre 20 e 30 dias, o que impossibilitaria que a arguição ocorresse já na próxima semana. Entre os parlamentares, não há pressa para tratar do tema.

A demora para marcar a sabatina de Galípolo é defendida em especial pelos opositores do governo federal no Senado. Isso por causa da proximidade das eleições municipais, marcadas para 6 de outubro.

A avaliação é de que a aproximação do pleito municipal dificulte um bom quórum de senadores na Comissão de Assuntos Econômicos. Depois da sabatina, a CAE ainda precisará votar a indicação de Galípolo e, depois, seguir para apreciação no plenário do Senado, que ainda não tem data para ocorrer.

O atual mandato do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-chefe do Executivo Jair Bolsonaro (PL), termina apenas em 31 de dezembro.

Gabriel Galípolo

O economista Gabriel Muricca Galípolo foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como indicação do governo para presidir o Banco Central a partir de 2025. Atualmente, Galípolo é diretor de política monetária da instituição financeira.

Galípolo é formado em ciências econômicas e mestre em economia política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Governo e Banco Central

O atual presidente do Banco Central tem sido alvo de duras críticas por parte do governo federal, em especial do presidente Lula, por causa do atual percentual da taxa básica de juros, a Selic.

“Foi aprovada pelo Congresso, a independência do Banco Central. Foi indicado o cidadão pelo governo ado. Eu tenho que ter muita paciência na hora de indicar outro candidato e ver se a gente consegue, sabe, com a maior autonomia possível — que é decência política das pessoas — que o presidente do Banco Central olhe um pouco este país do jeito que ele é, e não do que jeito que o sistema financeiro fala”, disse Lula ao se referir a Campos Neto, em entrevista à rádio de Feira de Santana, na Bahia.

Desde 2021, o Banco Central possui autonomia. Um dos pontos dessa mudança é que os mandatos do chefe da instituição financeira não coincida com a gestão do presidente da República, e ele não pode ser trocado pelo chefe do Executivo em mandato. Neste caso, Lula não pode tirar Campos Neto do cargo.