Em meio à pressão de juros e inflação, indicados ao BC são sabatinados
Sabatina ocorre no mesmo dia em que o Copom inicia as tratativas para deliberar a respeito do valor da taxa básica de juros, a Selic
atualizado
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A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal realiza nesta terça-feira (10/12) a sabatina de três nomes para cargos de diretoria no Banco Central (BC). As indicações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são para duas vagas resultantes do fim de mandatos e outra é do cargo deixado por Gabriel Galípolo — que teve o nome aprovado para assumir a autoridade monetária a partir de 1º de janeiro de 2025.
Os indicados
O presidente Lula indicou Izabela Correa para vaga de Carolina de Assis Barros, que deixa o cargo em 31 de dezembro de 2024, na diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta. Atualmente, Izabela é secretária de Integridade Pública da Controladoria-Geral da União (CGU).
Já Gilneu Francisco Astolfi Vivan foi cogitado para assumir o cargo de Otávio Ribeiro Damaso na diretoria de Regulação. No momento, Gilneu ocupa a vaga de chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro (Denor) no BC.
Por fim, Nilton José Schneider David foi escolhido para assumir o atual cargo de Gabriel Galípolo, na diretoria de Política Monetária. Neste momento, José ocupa a vaga de chefe de operações de tesouraria do Banco Bradesco.
Maioria da diretoria do BC foi indicada por Lula
Caso os nomes sejam aprovados no Senado Federal, Lula terá sete indicados nas diretorias do Banco Central, sendo apenas dois remanescentes do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os últimos indicados por Bolsonaro que seguem no BC são: Renato Dias de Brito Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução, e Diogo Abry Guillen, diretor de Política Econômica.
A gestão de Roberto Campos Neto, atual chefe da autoridade monetária, tem sido alvo constante de críticas de membros do Partido dos Trabalhadores (PT) e também de integrantes da Esplanada dos Ministérios.
A última crise entre Campos Neto e nomes petistas ocorreu após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, indicar a ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Com o anúncio, o dólar chegou, pela primeira vez, na casa dos R$ 6 e provocou grande insatisfação por parte do mercado financeiro.
“BC de Campos Neto não fez nada para conter a especulação desencadeada desde ontem que já levou o dólar a R$ 6. A Fazenda já esclareceu que a isenção de IR até R$ 5 mil será vinculada à nova alíquota para quem ganha mais de R$ 50 mil por mês, sem prejuízo para a arrecadação”, disse a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
Copom se reúne para definir taxa de juros
No mesmo dia da sabatina, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne para começar a debater o valor da taxa básica de juros, a Selic, válida pelos próximos 45 dias.
Além desta ser a oitava e última reunião do colegiado neste ano, a data marca o fim da gestão de Roberto Campos Neto. Isso porque a partir de 1º de janeiro, quem assume a presidência do BC é Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula.
A taxa de juros é de 11,25% ao ano e uma alta é esperada pelo mercado financeiro devido ao cenário inflacionário do país. Recentemente, Galípolo disse que o atual cenário econômico dá indicativos para “juros mais altos por mais tempo”.
As projeções do mercado
As projeções do mercado financeiro variam entre alta de 0,50 ponto percentual e 0,75 ponto percentual na taxa Selic. Alguns analistas estimam um acréscimo mais duro, de 1 ponto percentual.
Ao aumentar a Selic para conter a inflação, a consequência é a redução do consumo e dos investimentos no país. Dessa forma, o crédito fica mais caro e a atividade econômica tende a desaquecer, provocando queda de preços para os consumidores.
A inflação está em 4,76% no acumulado de 12 meses até outubro – valor acima do teto da meta de 2024, que é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo (4,5% e 1,5%). Os dados referentes a novembro também saem nesta terça.
