Período com temperaturas baixas liga alerta para casos gripais
Somente neste ano, foram notificados 56.749 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave, sendo 26.415 positivos para algum vírus respiratório
atualizado
Compartilhar notícia

O vírus influenza tipo A, causador da gripe, tem provocado hospitalizações em níveis que variam de moderados a muito altos ao longo dos anos — e segue em crescimento constante, segundo o Boletim InfoGripe da Fiocruz. Com a proximidade do primeiro mês do inverno, o Brasil começa a registrar temperaturas mais baixas, o que acende um alerta para que a população redobre os cuidados com doenças respiratórias.
O aumento gradativo nos casos de internações tem relação com uma mutação genética no perfil transmissível do vírus após a pandemia, de acordo com o pneumologista do Hospital de Base de Brasília, Ygor Mourão.
“Com as medidas de isolamento, a gente não tinha essa circulação da gripe como nós temos hoje e o fato de não estarmos circulando esse vírus na época, fez com que ele viesse até mais forte após o período de pandemia. A falta de exposição natural ao vírus pode ter impactado no aumento da circulação, principalmente na influenza”, explicou.
O especialista também explicou que o contágio da gripe na população se agrava nas estações de outono e inverno. “Temos um aumento no número de casos nesta época principalmente por causa dessa mudança climática”, enfatizou.
Ele também destacou que, nesta época do ano, os processos inflamatórios são mais propensos a ocorrer, já que o ambiente se torna mais suscetível à contaminação. Resfriados comuns — caracterizados por espirros e coriza (nariz entupido ou escorrendo) — tendem a se espalhar com mais facilidade em locais fechados ou expostos ao frio intenso, favorecendo a maior circulação do vírus.
Vulnerabilidade e sintomas
O relatório mostrou que a Influenza A superou a Covid-19 referente a causa de mortalidade em idosos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Também disse que a enfermidade está entre as três principais causas de óbito em crianças pequenas, também por SRAG.
A gripe pode ser “potencialmente grave e até mesmo fatal, especialmente em grupos de pacientes mais vulneráveis”, segundo Ygor Mourão. O grupo mais frágil a doença é composto por idosos, crianças pequenas, — algumas ainda estão formando a parte imunológica —, pneumopatas, asmáticos e imunossupressores.
Neste ano, foram notificados 56.749 casos de SRAG, sendo 26.415 com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 21.863 negativos, e ao menos 4.916 aguardando resultado laboratorial.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), os principais sintomas da gripe são febre, dor de garganta, tosse, dor no corpo e dor de cabeça, podendo variar o quadro clínico para mais ou menos intenso de acordo com a faixa etária.
Alguns casos podem evoluir com complicações no grupo de pessoas vulneráveis à doença, o que acarreta elevados níveis de mortalidade. Alguns exemplos são: pneumonia bacteriana e por outros vírus, sinusite, otite, desidratação, piora das doenças crônicas, e pneumonia primária por influenza.
Prevenção e cuidados
A vacinação é a forma mais eficaz de prevenção contra a gripe e suas complicações, de acordo com o MS. Os bons hábitos, adotados na pandemia, também não podem ser esquecidos na época em que se agrava esta infecção gripal.
“É fundamental que as autoridades de saúde implementem medidas para conter o avanço da influenza como campanhas de vacinação e vigilância epidemiológica que devem ser intensificadas e, principalmente, a informação adequada chegar na população”, enfatizou o pneumologista do Hospital de Base.
A constante variação do vírus exige formas de se proteger a cada ano, sendo necessária a dose de imunização oferecida no SUS, que protege contra os três subtipos do vírus da gripe que mais circularam no último ano no Hemisfério Sul.
O especialista detalhou as boas medidas de prevenção utilizadas na pandemia que podem voltar a ser usadas neste período em que se agravam os casos gripais. “Higienização das mãos, o uso de máscaras, o isolamento social caso apresente um sintoma respiratório ou de uma síndrome gripal, cobrir o nariz e boca ao espirrar ou tossir e se manter em ambientes bem ventilados”, disse.
Os centros de saúde sofrem um certo colapso neste período de temperaturas baixas, ocasionando na negligência do atendimento, segundo Ygor. “ Nem sempre a assistência médica, a assistência à saúde ocorre de maneira adequada devido às superlotações”, disse.
Tipos de Influenza
Existem quatro tipos do vírus influenza, causador da gripe: A, B, C e D. O vírus influenza A pode ser encontrado em seres humanos e em várias espécies de animais. Alguns vírus deste tipo de origem animal também podem infectar humanos causando doenças graves, como os vírus A (H5N1), A (H7N9), A (H10N8), A (H3N2v), A (H1N2v) e é responsável pelas grandes pandemias.
O vírus influenza B contamina exclusivamente os seres humanos. Junto ao tipo A, são responsáveis por epidemias sazonais. O tipo C infecta humanos e suínos. É detectado com menor frequência e geralmente causa infecções leves, apresentando implicações menos significativa a saúde pública, não estando relacionado com epidemias.
O vírus influenza D foi isolado nos Estados Unidos da América (EUA), contamina suínos e bovinos e não é conhecido por infectar ou causar a doença em humanos.