Entenda como ocorre a formação das cavernas
Geólogos explicam como diversos fatores influenciam na formação e como a ação humana pode interferir na formação e preservação das cavernas
atualizado
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Misteriosas, imponentes e, por vezes, assustadoras, as cavernas encantam exploradores e despertam curiosidade. Mas você já parou para pensar em como esses impressionantes cenários subterrâneos são formados?
A maioria das cavernas conhecidas está em rochas sedimentares, especialmente no calcário. “O calcário é um tipo de rocha cuja estrutura físico-química permite que seja dissolvido pela água, mantendo-se estruturado e ocasionando a formação de um ‘vazio’ interno, ou seja, a caverna”, explica o geólogo e espeleólogo Adriano Augusto Gambarini.
Esse processo ocorre quando a água da chuva ou de rios se infiltra em fraturas na rocha, dissolvendo gradativamente seus minerais e criando espaços subterrâneos que se ampliam ao longo do tempo.
O tempo e os diferentes tipos de cavernas
Mas quanto tempo leva para uma caverna se formar? Não há uma resposta exata, pois diversos fatores influenciam nesse processo.
“As idades encontradas para formação de uma caverna são calculadas indiretamente, a partir das datações feitas nos espeleotemas, que são aquelas formações de cristais dentro das cavernas, como as estalactites e estalagmites”, explica Gambarini, que também é autor de 18 livros de fotografia.
Segundo o geólogo e professor Germán Marcelo Martins Vinueza Freire, da Universidade de Brasília (UnB), uma caverna geralmente se forma em milhares, eventualmente milhões de anos, porém, em casos excepcionais, pode ser formada bem mais rapidamente.
A forma como essas cavidades surgem também pode variar. Embora a maioria das cavernas se forme por dissolução química, como acontece no calcário, há casos diferentes.
“As cavernas em rochas ígneas, como os granitos, podem ser formadas a partir da erosão físico-química da rocha e posterior desmoronamento de grandes blocos de forma aleatória, criando os espaços que chamamos de cavernas ou grutas”, detalha Gambarini.
O tamanho e a profundidade de uma caverna dependem de fatores como clima, tempo e características geológicas da rocha. “O clima da região, com uma estabilidade no ciclo das chuvas e formação de rios, a estrutura físico-química da rocha e a presença de água provocando a dissolução são essenciais para definir um processo contínuo de formação”, afirma Gambarini.
“O tamanho e a profundidade de uma caverna são determinados, primordialmente, pela dimensão do maciço rochoso, sua erodibilidade e a solubilidade dos minerais que o constituem, além da disponibilidade de água e suas características físico-químicas”, complementa o professor Germán Freire.
O impacto humano na formação das cavernas
Além dos processos naturais, a ação humana também pode interferir na formação e preservação das cavernas. Atividades como desmatamento, mineração e alterações nos lençóis freáticos impactam diretamente a dinâmica das estruturas.
“A existência de florestas úmidas possibilita que as águas das chuvas se tornem acidificadas ao infiltrar no solo rico em matéria orgânica, facilitando a dissolução do calcário. O desmatamento altera esse equilíbrio, reduzindo a formação de cavernas e espeleotemas”, alerta Gambarini.
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