Entenda o que ainda falta para humanos explorarem o fundo do mar
Saber o que há no fundo do mar é mais do que uma curiosidade, já que pode trazer benefícios em diferentes aspectos da vida dos seres humanos
atualizado
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Enquanto a exploração espacial cresce a cada dia, algo muito mais próximo dos seres humanos é quase desconhecido: o fundo do mar. As zonas abissais, regiões com mais de mil metros de profundidade, seguem praticamente intocadas pela humanidade. Um estudo publicado na revista Science Advances neste mês revela que apenas 0,001% do fundo marinho foi visualizado até hoje.
O desconhecimento se deve à grande dificuldade que é ar esses locais. A exploração do fundo marítimo se compara à visitação de um planeta: lá embaixo, a pressão aumenta cerca de uma atmosfera a cada 10 metros. Em locais com 3,8 mil metros de profundidade, por exemplo, a pressão é 380 vezes maior do que na superfície.
Além da pressão, as partes inexploradas do mar têm temperaturas congelantes e a visibilidade é quase nula. A ausência de luz, a instabilidade do relevo, dificuldade de comunicação e as espécies desconhecidas que vivem por lá tornam o processo de exploração muito difícil.
“A gente tem um universo dentro do nosso planeta e não fazemos ideia do quanto podemos entender e explorar essas zonas abissais. Estima-se que existam mais de duas milhões de espécies e só foram catalogadas 250 mil. Ainda temos muito a descobrir”, explica a professora de biologia Thamyres de Oliveira, do Colégio Marista Águas Claras, em Brasília.
Tecnologia limitada e cara
O ser humano é uma espécie bastante curiosa e tenta explorar todas as partes à sua volta, seja dentro ou fora do planeta, e com o fundo do mar não seria diferente. Algumas tecnologias como robôs submersíveis, sondas não tripuladas e veículos tripulados vêm sendo desenvolvidas para vencer as barreiras marítimas, mas o custo é extremamente alto.

Para ar tamanha pressão, os equipamentos precisam de materiais e sistemas sofisticados, eficientes e duradouros, demandando anos de pesquisa, além de investimentos milionários.
“A exploração não precisa ser extrativista como historicamente fazemos. Geralmente, o ser humano explora e sai retirando e destruindo tudo. Na verdade, esse processo precisa ser acompanhado com estudos científicos, responsabilidade ética e conservação”, alerta Thamyres.
Importância da exploração do fundo do mar
Entender o que as profundezas do mar escondem é mais do que curiosidade. A exploração pode trazer vários benefícios em diferentes aspectos para a sobrevivência da humanidade:
- Descoberta de compostos bioativos com uso medicinal (analgésicos, antibióticos, anticancerígenos);
- Melhor compreensão da origem da vida e da evolução das espécies;
- Monitoramento mais preciso de atividades sísmicas e prevenção de tsunamis;
- Maior entendimento sobre o papel dos oceanos na regulação climática global.
“Com o avanço tecnológico de médio a longo prazo, a ciência proporcionará o melhor entendimento dos oceanos, fazendo desde a prevenção de eventos geológicos até a descoberta de cura para muitas doenças.”, finaliza o professor de biologia Humberto Malheiros, do Colégio Católica de Brasília.
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