Arrume sua bagunça mental com as dicas da neurocientista Caroline Leaf
Autora de livros, Caroline Leaf pesquisa neuroplasticidade, natureza da saúde mental e formação da memória
atualizado
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Um ano se ou desde que o Brasil identificou a primeira contaminação pela Covid-19 no final de fevereiro de 2020. Atualmente, o país enfrenta mais uma sequência alarmante de mortes diárias por conta da doença. No meio do turbilhão da pandemia, a ideia de manter a mente sã parece complicada. Encontrar o equilíbrio enquanto a realidade está de cabeça para baixo é a missão da neurocientista Caroline Leaf.
Desde o início da carreira, em 1980, Caroline pesquisa neuroplasticidade, natureza da saúde mental e formação da memória. A especialista escreveu 19 publicações. A mais famosa traz o título Ative seu Cérebro (2018). Nessa terça-feira (2/3), ela lançou o livro Cleaning Up Your Mental Mess (Limpando a sua Bagunça Mental, em tradução do inglês), que ensina um ciclo para restaurar de forma eficaz a mente e o cérebro.
De acordo com a neurocientista cognitiva, a mente humana está relacionada ao modo de pensar, sentir e escolher. “Você pode ar três semanas sem comer, três dias sem água, três minutos sem oxigênio, mas nem mesmo a três segundos sem usar sua mente. Ela está funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana”, escreveu na publicação recém-lançada.

Neuroplasticidade
Não se pode conter os eventos e circunstâncias, mas dar para controlar as respostas, conforme explicou Caroline no podcast Revolution Health Radio. A profissional foi uma das primeiras a investigar o poder da neuroplasticidade, ou seja, fenômeno pelo qual o sistema nervoso se organiza em reação ao aprendizado e a novas experiências. À época do início dos estudos da cientista, a filosofia vigente era de que o cérebro não podia mudar. Ela provou o contrário.
Doutora pela Universidade de Pretória, na África do Sul, Caroline afirma ser “perfeitamente humano” sentir depressão, ansiedade, medo ou tristeza devido à Covid-19, principalmente aqueles que perderam alguém próximo ou algo importante, como um negócio financeiro. “Nenhuma poção mágica fará a doença sumir. O que devemos fazer é aprender a istrar as reações emocionais a fim de pensar com clareza para que a situação não prejudique a vida”, reforça.

A cientista ensina a desenvolver a resiliência e determinação por meio da neuroplasticidade e gerenciamento da mente: “Quando estou com essa dor, depressão, ansiedade ou preocupação com essas circunstâncias, como vou viver comigo esses momentos? O processo consiste em abraçar em vez de fugir, dando-se permissão para sentir. É normal. Ao aceitar, você reprocessa, se desconstrói e reconstrói para encontrar a sabedoria de como seguir em frente mesmo perante a situação difícil”.
“Você tem de encontrar o seu código de felicidade. Redefina como uma sensação de paz. Isso é o que eu posso fazer, já isso eu não posso fazer, e estou bem. Faz parte me sentir deprimido, às vezes, e ansioso também”, declarou a especialista em saúde mental em entrevista ao blog Mind Body Green.
Neurociclo
Tirar um tempo para descansar e ter a sensação de que está mais exausto do que antes, mesmo ficando horas deitado. Se a situação parece familiar, bem-vindo ao grupo, brincou Caroline Leaf em um artigo publicado no seu blog homônimo. Segundo a cientista cognitiva, mesmo com as toneladas de informações sobre incentivar o autocuidado como parte da rotina, os esgotamentos físico, mental e emocional continua.
“O que podemos fazer? Existe esperança? Embora pareça contraintuitivo, o descanso tem a ver com a mente. Independentemente da técnica que usamos ou hábitos praticados para relaxar, se não conseguimos controlar o que está ando por nossas cabeças, o tiro pode sair pela culatra em nós, deixando-nos cansados e abatidos”, salientou a autora de best-sellers no blog.
Nas três décadas de pesquisa, a especialista desenvolveu um processo científico de gerenciamento da mente chamado de neurociclo. Dividido em cinco etapas, o método tende a ajudar quem deseja aprender como descansar bem. Adepta da ioga, atividade física em jejum, alimentação saudável e sessões de sauna infravermelha, Caroline também compartilhava com constância a frase “estou tão exausta”.
Restauração
Para recuperar o “fôlego”, a profissional orienta colocar em ação as cinco etapas do neurociclo. O objetivo? Descobrir os motivos de não se sentir bem e descansado mesmo experimentando “pausas”. Caroline também adotou a sequência. No vigésimo dia, ela observou: “Em vez de permitir que mente e cérebro se renovassem e voltassem à linha de base, enfraqueci, minei e desfiz do meu repouso. Isso me afetou mental e fisicamente”.
“Quando deixamos nossas mentes vagarem, reiniciamos internamente nosso pensamento, dando ao nosso diálogo interno algum ‘tempo para mim’ de qualidade. Esses períodos contribuem para a restauração, porque dá ao cérebro o tempo de inatividade necessária para funcionar de maneira ideal”, assegurou a expert. Nos momentos de sossego, ela continuava a se preocupar com os problemas da família e trabalho.

Confira as etapas do ciclo proposto por Caroline Leaf:
o 1 – Reunir: Caroline aconselha ter consciência dos próprios sentimentos e do que a pela mente. Por esse motivo, ela sugere meditar, respirar ou se exercitar a fim de preparar o cérebro para o trabalho posterior. No caso, colocar em tópicos sinais de alerta físicos, emocionais, comportamentos e perspectivas. Quando estiver preparado, ar para a próxima fase.
o 2 – Refletir: com base no primeiro estágio, a neurocientista recomenda se perguntar, responder e discutir os pontos de se sentir exausto, ansioso ou deprimido.
o 3 – Escrever: a pesquisadora indica anotar as respostas para ajudar a organizar o pensamento e obter mais clareza sobre os sentimentos. “Quando escreve, ativa determinadas partes do cérebro de uma maneira incrível”, defende. Caso presenciar algo similar, saberá mais ou menos como lidar.

o 4 – Verificar: ela propõe fazer uma “autópsia mental”. O exercício consiste em avaliar as anotações, procurar padrões e gatilhos, se perguntar sobre as origens dos sentimentos e buscar melhorar. “Veja de uma forma diferente. Sua história constrói sua resiliência”, frisou.
o 5 – Alcançar: o último estágio consiste em recolher o que escreveu, reconceituar e descobrir uma ação simples que possa ser feita a cada vez que os pensamentos e sentimentos surgirem. Por exemplo, repetir um mantra ou respirar fundo e lentamente.
Sou tóxico?
Publicada em outubro, uma pesquisa da Fiocruz mostrou o impacto da pandemia na saúde mental dos trabalhadores essenciais no Brasil e Espanha. Mais de 47% apresentaram sintomas de ansiedade e depressão. Dos entrevistados, 44,3% abusaram de bebidas alcoólicas, 42,9% sofreram mudanças nos hábitos de sono e 30,9% foram diagnosticados com algum transtorno psicológico.
Em tempos difíceis – vulgo pandemia, além de lidar com as próprias questões emocionais, tem de ser paciente com o familiar, amigo ou colega de trabalho. Entretanto, há pessoas que em vez de oferecer empatia, fazem exatamente o contrário “com pensamentos cheios de boa intenção”. A cientista cognitiva elencou alguns tópicos para que o erro da positividade tóxica dê espaço ao otimismo genuíno quando precisar conversar com alguém em situação de luto, sofrimento ou preocupação. Confira abaixo:
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