Nick Cruz sobre Estrela da Casa: “Receberam outros privilégios”
O cantor conversou com a coluna, durante a 29ª Parada do Orgulho LGBTI+, que aconteceu neste domingo (24/11), no Rio
atualizado
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Neste domingo (24/11), aconteceu a 29ª Parada do Orgulho LGBTI+, em Copacabana, na zona sul do Rio. E a coluna Fábia, que está em todos os lugares, bateu um papo exclusivo com o Nick Cruz, que participou do Estrela da Casa, reality musical da TV Globo.
Nick, que é um homem trans, falou da importância do movimento para conscientizar a sociedade sobre diversidade e igualdade. No evento, ele cantou duas músicas de seu repertório, como Só no Peito – dedicada à comunidade trans masculina – e Pouca Pausa.
“Pra mim, o movimento LGBT representa tudo, né? Acredito que eu nasci nesse movimento e eu preciso, necessito dele pra continuar sobrevivendo no mundo, num país que mais mata pessoas transsexuais como eu. A comunidade representa um porto-seguro, me abre portas pra trabalhar, pra tirar o meu sustento, enfim. Faz parte da minha vida, do meu dia a dia”, declarou.
Nick também falou sobre o pós-reality, afirmando que precisou seguir uma programação diferente dos colegas que chegaram na final: “Não foi padrão pra todo mundo. Acredito que os três finalistas receberam outros privilégios. Enfim, teve uma galera também que não ou pelo Caldeirão [do Mion]”.
Sobre continuar sendo assessorado pela emissora, Cruz revelou que o agenciamento foi interrompido. “A princípio a gente recebeu uma ligação, dizendo que eles não tinham interesse em continuar fazendo o agenciamento”, lembrou.
O artista prosseguiu ao ser questionado se houve ou não alguma promessa do canal: “Eu acredito que tudo ali foi um laboratório, né? O primeiro programa. O pessoal ainda tava sentindo como seria. Enfim, mas não foi prometido nada assim. A gente tem sim alguns contratos de exclusividade até certo período, mas é isso”.
Ele também não nega que o programa deu um grande impulso na sua carreira musical. “A gente tá ocupando outros espaços. Principalmente nós, né? A gente não tinha muita oportunidade de estar cantando, fazendo show, se apresentando. Então, a Globo abriu portas. Na verdade, eu só tenho a agradecer”, disparou.
Nick Cruz comentou que pessoas trans estão ocupando, cada vez mais, lugares que antes não ocupavam:
“Esse ano foi o ano que a gente mais elegeu pessoas trans e travestis na história do país. Eu acredito que a gente está começando a fazer a diferença também em outros em outros em outros âmbitos, outras áreas. Eu venho planejando a minha carreira, desde sempre, pra que isso aconteça, porque eu sei que a minha vida inspira outros homens trans”, frisou se referindo a pouco homens trans na cena artística.
Com relação a Lucca, ganhador do Estrela da Casa, Cruz garantiu que nunca existiu nenhuma rivalidade. “Minha questão, como eu falei eu, é que eu já sabia, desde a primeira semana [que ia ser campeão] e aí eu fui taxado de uma parada ruim, rabugento e invejoso. Desde a primeira semana, já era bem nítido”, ressaltou.
Nick Cruz prosseguiu sobre não ter cogitado ar para o mesmo grupo do ex-colega de reality: “Lá dentro da casa a gente sabe. A gente sente essas paradas. E eu acho que, no ramo da música, é uma coisa mais forte ainda. Eu defendo uma bandeira da qual ele nem a perto. Estava ali pra representar pessoas. Tipo, pra que colar do lado de um cara, que na maioria, geralmente, [faz parte de grupos que] são pessoas que nos agride sabe? Isso não se faz por dinheiro nenhum”.
Por fim, Nick enalteceu o orgulho LGBTQIAPN+. “Orgulho pra mim é ter felicidade e certeza de que do que você é, do que do que você quer e de como você usa isso a favor da sua da sua vida, a favor da sua liberdade. Acho que orgulho é, literalmente, você ter certeza de que você é uma pessoa foda”, concluiu.