Rússia e EUA tentaram extradição de espião russo preso no Brasil
Os dois países tentaram extraditar russo que tinha documentação falsa e se ava por brasileiro para atuar como espião em vários países
atualizado
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O espião russo Serguei Cherkasov, preso no Brasil desde maio de 2022, causou uma disputa entre Estados Unidos e Rússia por sua extradição.
Cherkasov é um dos espiões mapeados pela Polícia Federal que utilizavam documentos brasileiros falsos para espionar em vários países do mundo.
Ele foi preso no Brasil, em maio de 2022, após o Serviço de Inteligência holandês impedi-lo de se infiltrar no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, e deportá-lo para cá.

Nesta quarta (21/5), o jornal New York Times deu detalhes da investigação da PF que mapeou o uso do Brasil pela Rússia para formar espiões.
A investigação sobre o tema, no entanto, havia sido revelada em abril de 2023 pelo jornal Folha de S.Paulo. Já a prisão de Serguei Tcherkasov foi noticiada, ainda em 2022, e detalhada em reportagem da BBC em março de 2023.
Além de Cherkasov, a PF investiga outros espiões russos que atuavam em todo o mundo tendo com uso da identidade brasileira.
Cherkasov, no entanto, é o único preso no Brasil, os outros foram detidos no exterior ou retornaram à Rússia.
Logo após a prisão pela PF, a Rússia entrou com pedido de extradição de Cherkasov no Supremo Tribunal Federal.
O ministro Edson Fachin autorizou a extradição, ainda em 2023, mas condicionou a liberação do russo ao término de uma segunda investigação da PF sobre lavagem de dinheiro, espionagem e corrupção.
Já em dezembro de 2024, Fachin, em nova decisão, disse que a entrega antecipada de Cherkasov aos russos dependeria da decisão do presidente Lula (PT).
“Observo, nesse ponto, a diretriz assentada desta Corte segundo a qual é prerrogativa exclusiva do Presidente da República a competência para liberação antecipada do extraditando”, disse o ministro.
Enquanto os russos tentavam a extradição, os americanos também acionaram o governo brasileiro para levá-lo aos EUA.
Os americanos argumentam que o espião chegou a viajar para os EUA e se matricular em uma universidade. O pedido, no entanto, foi negado pelo governo brasileiro uma vez que Fachin já havia autorizado a extradição para a Rússia.
“Quanto ao cidadão russo Serguei Vladimirovich Cherkasov, esclareço que o parecer técnico do Ministério da Justiça, acerca de dois pedidos de extradição, está embasado em tratados e na lei 13.445/2017. No momento, o cidadão permanecerá preso no Brasil”, disse o então ministro da Justiça, Flávio Dino, em uma postagem nas redes em julho de 2023.