Cancelar uma mãe em luto não faz bem
“Estamos caminhando para a abolição das diferenças? Vocês estão preparados para isso">Boris Zhitkov/ Getty Images

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Querer que o seu interlocutor desapareça do mapa alegando que ele é uma usina de maldades não vai convencer ninguém. Alguns podem fingir que acreditam nisso, por algum tempo, sentindo-se talvez protegidos por um “policiamento” que só vai atingir os outros. Mas quando não há critério real, ou seja, quando não há lealdade, o “outro” de hoje será você amanhã. Estamos investindo numa floresta de tabus, e isso não pode acabar bem. Tabu é algo que não pode ser discutido. Uma sociedade que se diz progressista e libertária de repente ou a erguer barreiras de pensamento por toda parte. Até segurança eleitoral virou tabu. Sempre se discutiu o aprimoramento dos sistemas de votação – e agora falar disso parece ter virado pecado mortal. A evolução eletrônica das eleições não se deu com distribuição de mordaças aos que defendiam mudanças. Urna eletrônica é só um exemplo singelo nesse campo minado que virou o senso comum. O senso comum é e sempre foi uma espécie de média das diferenças. Estamos caminhando para a abolição das diferenças? Vocês estão preparados para isso? Se é assim que desejam, ok, mas nesse caso não dá para manter a fantasia progressista e libertária – usando o verniz do “Vive la différence”, o lema da diversidade universal, enquanto age para dinamitar a controvérsia. Leia também Guilherme Fiuza Xingar presidente é o esporte mais fácil do mundo Guilherme Fiuza Introspectiva 2021 – uma seleção dos fatos menos marcantes do ano Guilherme Fiuza Jantar Lula & Alckmin, a salada (indigesta) da política nacional Guilherme Fiuza Como seria se Eduardo e Mônica se conhecessem hoje? A sanha inquisitória contra o “outro” que precisa ser eliminado já foi testada na história e o final desse filme não é feliz. Nunca será. Uma das caricaturas mais medonhas desse fenômeno atualmente é o cerco a uma mãe que perdeu seu filho jovem e saudável após se vacinar contra Covid. Essa mãe viu seu filho de 28 anos começar a ar muito mal a partir do recebimento da vacina, até morrer 10 dias depois de AVC hemorrágico. Ela não tinha o direito de averiguar se a causa da morte do filho estava associada à vacina? Ou melhor: não era mais do que normal que ela quisesse buscar esse esclarecimento, uma vez que o histórico saudável do filho jovem e as circunstâncias gerais não lhe apontavam outra hipótese para a ocorrência súbita e fatal? Claro que sim. Mas essa mãe, na sua legítima busca pela causa da morte precoce do filho, ou a ser hostilizada. Abertamente por muitos nas redes sociais e veladamente por outros sob esse álibi moderno das supostas verificações. No caso dela, naturalmente o carimbo de fake news antivacina já estava pronto – antes de qualquer investigação de causalidade estar concluída. Voltando à proposição inicial: isto não é lealdade. É leviandade. Natural de Santa Catarina (PR), ela encomendou na Espanha um dos exames capazes de detectar a síndrome trombótica associável aos efeitos da vacina contra Covid – e o resultado foi positivo. Constituiu um advogado para peticionar a autoridade de saúde do seu estado sobre óbitos decorrentes da vacinação contra Covid e obteve o reconhecimento oficial de que esta foi a causa da morte do seu filho. Os verificadores não precisam ficar nervosos. Os documentos sobre o caso de Bruno Oscar Graf já foram tornados públicos, portanto isto não é uma denúncia. Muito menos um manifesto. É só uma constatação de que há riscos potenciais ainda em estudo e as dúvidas precisam emergir para que se busque o maior conhecimento possível sobre algo que está em aplicação universal. Onde está o pecado? A mãe de Bruno, Arlene Ferrari Graf, tem sofrido restrições severas nas plataformas de rede social, incluindo suspensão de conta. O trabalho dela tem sido basicamente colher relatos de pessoas que tiveram sintomas adversos importantes após a vacina e ajudá-las a registrar seus casos, dando às autoridades elementos para investigação. O que há de errado nisso? A quem essa mãe em luto ameaça? O momento não é fácil e os conflitos estão por toda parte – na saúde, na política, no comportamento, etc. Ainda assim, é possível – e imperioso – buscar lealdade, por mais agudas que sejam as disputas. Não acreditem na tentação de fulminar a controvérsia. O algoz de hoje poderá ser o guilhotinado de amanhã. Já leu todas as notas e reportagens da coluna hoje? e a coluna do Metrópoles.", "keywords": "vacina, cancelamento", "headline": "Cancelar uma mãe em luto não faz bem", "locationCreated": { "@type": "Place", "name": "Brasília, Distrito Federal, Brasil", "geo": { "@type": "GeoCoordinates", "latitude": "-15.7865938", "longitude": "-47.8870338" } } } ] }
Vamos falar sobre lealdade.
Querer que o seu interlocutor desapareça do mapa alegando que ele é uma usina de maldades não vai convencer ninguém. Alguns podem fingir que acreditam nisso, por algum tempo, sentindo-se talvez protegidos por um “policiamento” que só vai atingir os outros. Mas quando não há critério real, ou seja, quando não há lealdade, o “outro” de hoje será você amanhã.
Estamos investindo numa floresta de tabus, e isso não pode acabar bem. Tabu é algo que não pode ser discutido. Uma sociedade que se diz progressista e libertária de repente ou a erguer barreiras de pensamento por toda parte. Até segurança eleitoral virou tabu. Sempre se discutiu o aprimoramento dos sistemas de votação – e agora falar disso parece ter virado pecado mortal. A evolução eletrônica das eleições não se deu com distribuição de mordaças aos que defendiam mudanças.
Urna eletrônica é só um exemplo singelo nesse campo minado que virou o senso comum. O senso comum é e sempre foi uma espécie de média das diferenças. Estamos caminhando para a abolição das diferenças? Vocês estão preparados para isso? Se é assim que desejam, ok, mas nesse caso não dá para manter a fantasia progressista e libertária – usando o verniz do “Vive la différence”, o lema da diversidade universal, enquanto age para dinamitar a controvérsia.
A sanha inquisitória contra o “outro” que precisa ser eliminado já foi testada na história e o final desse filme não é feliz. Nunca será. Uma das caricaturas mais medonhas desse fenômeno atualmente é o cerco a uma mãe que perdeu seu filho jovem e saudável após se vacinar contra Covid. Essa mãe viu seu filho de 28 anos começar a ar muito mal a partir do recebimento da vacina, até morrer 10 dias depois de AVC hemorrágico.
Ela não tinha o direito de averiguar se a causa da morte do filho estava associada à vacina? Ou melhor: não era mais do que normal que ela quisesse buscar esse esclarecimento, uma vez que o histórico saudável do filho jovem e as circunstâncias gerais não lhe apontavam outra hipótese para a ocorrência súbita e fatal?
Claro que sim. Mas essa mãe, na sua legítima busca pela causa da morte precoce do filho, ou a ser hostilizada. Abertamente por muitos nas redes sociais e veladamente por outros sob esse álibi moderno das supostas verificações. No caso dela, naturalmente o carimbo de fake news antivacina já estava pronto – antes de qualquer investigação de causalidade estar concluída. Voltando à proposição inicial: isto não é lealdade. É leviandade.
Natural de Santa Catarina (PR), ela encomendou na Espanha um dos exames capazes de detectar a síndrome trombótica associável aos efeitos da vacina contra Covid – e o resultado foi positivo. Constituiu um advogado para peticionar a autoridade de saúde do seu estado sobre óbitos decorrentes da vacinação contra Covid e obteve o reconhecimento oficial de que esta foi a causa da morte do seu filho.
Os verificadores não precisam ficar nervosos. Os documentos sobre o caso de Bruno Oscar Graf já foram tornados públicos, portanto isto não é uma denúncia. Muito menos um manifesto. É só uma constatação de que há riscos potenciais ainda em estudo e as dúvidas precisam emergir para que se busque o maior conhecimento possível sobre algo que está em aplicação universal. Onde está o pecado?
A mãe de Bruno, Arlene Ferrari Graf, tem sofrido restrições severas nas plataformas de rede social, incluindo suspensão de conta. O trabalho dela tem sido basicamente colher relatos de pessoas que tiveram sintomas adversos importantes após a vacina e ajudá-las a registrar seus casos, dando às autoridades elementos para investigação. O que há de errado nisso? A quem essa mãe em luto ameaça?
O momento não é fácil e os conflitos estão por toda parte – na saúde, na política, no comportamento, etc. Ainda assim, é possível – e imperioso – buscar lealdade, por mais agudas que sejam as disputas. Não acreditem na tentação de fulminar a controvérsia. O algoz de hoje poderá ser o guilhotinado de amanhã.