Temor de prisão ou tornozeleira fez Bolsonaro não ir ao STF na quarta
Desde a terça, advogados de Bolsonaro se mostravam preocupados com rumores de que STF decretaria prisão ou tornozeleira após ele virar réu
atualizado
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O temor de que o STF decretasse a prisão preventiva ou o uso de tornozeleira eletrônica em Jair Bolsonaro logo após ele virar réu foi um dos principais motivos que levaram o ex-presidente a não comparecer ao segundo dia do julgamento de sua denúncia na Corte, nesta quarta-feira (26/3).
Conforme a coluna noticiou mais cedo, desde a noite da terça-feira (25/3), aliados e advogados de Bolsonaro se mostravam preocupados com rumores de que o ministro Alexandre de Moraes poderia aproveitar a presença do ex-presidente no Supremo e decretar a prisão ou o uso de tornozeleira.
A preocupação foi tamanha que advogados de Bolsonaro se reuniram às pressas para discutir o assunto, na noite da terça, em um jantar num restaurante de carnes no Lago Sul, área nobre de Brasília. O encontro reuniu os advogados Celso Vilardi e Daniel Tesser, segundo apurou a coluna.
Pela tese de bolsonaristas, a ausência de Lula e dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), favoreceria esse cenário, na medida em que deixaria Bolsonaro sem ter a quem recorrer em caso de eventual prisão. Os três estão no Japão.
Ministros não veem espaço para prisão agora
Diante dos rumores, auxiliares de Bolsonaro aram a procurar integrantes do Judiciário em Brasília ainda na terça. Ministros de tribunais superiores, no entanto, minimizaram as chances. A avaliação é que apenas a aceitação da denúncia não seria motivo suficiente para isso.
“Só se existir outro motivo. Mas, apenas em razão do recebimento da denúncia, não teria sentido algum (prender Bolsonaro ou mandá-lo usar tornozeleira)”, avaliou à coluna sob reserva um influente magistrado de Brasília, lembrando que, para ser alvo de alguma medida cautelar agora, o ex-presidente teria de interferir, de alguma forma, no andamento do processo.
O julgamento da denúncia de Bolsonaro no inquérito do golpe começou na terça, na Primeira Turma do STF, e acabou na quarta. O ex-presidente foi à Corte no primeiro dia e tinha sinalizado que também iria no segundo. Na manhã da quarta, porém, ele recuou e decidiu não comparecer ao Supremo.
Conforme a coluna noticiou na terça, ministros do STF viram a presença de Bolsonaro no primeiro dia de julgamento como uma “tentativa de provocação”. Também avaliaram que o ex-presidente quis demonstrar que “não é covarde” e que não pretende fugir do Brasil, caso seja condenado pela Corte.
Apesar de não terem gostado da presença de Bolsonaro durante o julgamento, ministros do STF avaliam que o ex-presidente só deve ser preso após ser condenado e o trânsito do processo transitar em julgado. A previsão é de que o julgamento do caso seja concluído até o final de 2025.