Após pedido de falência, Cavalli deve ser vendida a empresário árabe
Tribunal italiano de falências ainda baterá o martelo sobre a decisão, mas negociação é dada como certa
atualizado
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Antes mesmo de o estilista Paul Surridge deixar a direção criativa da Roberto Cavalli, em março deste ano, a grife italiana já se encontrava em crise, como o designer enfatizou ao anunciar sua saída. O inglês creditou seu pedido de demissão aos recursos escassos e à falta de investimento no desenvolvimento da rede de lojas e em estratégias de marketing.
Desde então, a etiqueta corre contra o tempo para encontrar um investidor que coloque a empresa de volta nos trilhos. Tudo indica que o futuro da companhia está a salvo. Na terça-feira (16/07/2019), a companhia revelou que pode ter um novo proprietário em breve.
Vem saber quem salvará a Cavalli!
A Vision Investment Co., entidade controlada pela desenvolvedora imobiliária árabe Damac, deve assumir o controle da Roberto Cavalli até o final de 2019.
A companhia do magnata Hussain Sajwani aguarda a aprovação de um tribunal de falências em Milão para iniciar a recuperação da marca, que entrou com pedido de falência em abril e foi forçada a liquidar seus negócios nos Estados Unidos no mesmo mês.
Anteriormente, a grife era istrada pelo Clessidra, fundo de capital privado que comprou a maior parte das ações da etiqueta em 2015, quando a Cavalli era avaliada em 390 milhões de euros. De lá para cá, no entanto, a label registrou perdas anuais. O plano de recuperação foi frustrado pela falta de capital.

A notícia da aquisição era esperada com apreensão pelos membros do conselho da Cavalli, pois três conglomerados disputavam os direitos sobre a etiqueta. Além da Vision, a holding italiana OTB e o grupo norte-americano Bluestar Alliance foram submetidos ao tribunal de falências italiano, que tinha soberania a respeito da decisão, mas levou em conta a opinião do executivos da grife.
A Roberto Cavalli deve apresentar seus acordos com os credores ao tribunal até 3 de agosto, para que o juiz encarregado tome sua decisão final. Terminadas essas etapas, as ações serão transferidas para a Sajwani.
O conselho acredita que o magnata árabe é a melhor opção para a companhia do segmento fashion, por causa de parcerias já existentes entre a Cavalli e a Damac. Em 2017, a grife projetou um condomínio de luxo e um hotel, em Dubai, para a companhia árabe. Os projetos, em fase de construção, devem ser entregues em 2020 e 2023, respectivamente.




O desenvolvedor é um velho conhecido das casas europeias, tendo feito parcerias com Versace e Fendi para outros empreendimentos no Oriente Médio. “Com certeza, a Damac não é uma operadora de marcas de moda, mas já conhece bem a Cavalli por fazer parte de seus negócios imobiliários”, disse o analista de luxo Mario Ortelli ao Business of Fashion.
Para Gian Giacomo Ferraris, que deve permanecer à frente da etiqueta, a parceria com Sajwani indica um continuidade no plano de recuperação da marca, que vem enfrentando dificuldades desde a aposentadoria de seu fundador.
O CEO é especialista em recuperação e foi o responsável por reerguer a Versace em 2014, ao conseguir que o Blackstone Group comprasse uma participação minoritária na grife. A holding americana investiu, aproximadamente, US$ 287 milhões, ampliando seu valor de mercado de US$ 1,4 bilhão para US$ 2,1 bilhões, preço pago pela Capri Holdings quando Michael Kors adquiriu a gigante da medusa.

Se ele poderá ou não fazer o mesmo na Cavalli, só o tempo dirá. Com um apelo popular muito menor que o da Versace, a empresa demandará entre 50 milhões e 100 milhões de euros para se recuperar e voltar aos EUA, fora os 160 milhões de euros que Sajwani irá desembolsar pelo controle total da grife, incluindo a quitação das dívidas e uma injeção de capital de 65 milhões de euros.




A chave para o sucesso da nova missão de Ferraris é encontrar o diretor criativo certo para guiar a evolução da grife. Ainda assim, uma reviravolta levará tempo. As empresas globais de moda precisam de coleções impactantes, relevância midiática e um forte investimento em órios, elementos que a Cavalli ignora há tempos.
Colaborou Danillo Costa