Majur destaca a moda em sua trajetória e comenta sobre novo álbum
Em entrevista à coluna, a cantora Majur fala sobre moda e carreira, e apresenta o novo álbum, Gira Mundo
atualizado
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Com o álbum mais recente, Gira Mundo, recém-lançado nas plataformas digitais, a cantora Majur inicia uma nova etapa em sua carreira. Em bate papo com a coluna, a artista relembra momentos marcantes da sua história relacionados com moda.
Vem conferir!

Este mês, mais precisamente no dia 15, a cantora Majur concluiu a trilogia dos álbuns Ojunifé (2021), Arrista (2023) e o recente Gira Mundo (2025). Em sua trajetória na indústria musical, laços com o mundo da moda também foram criados como uma forma de se posicionar entre público, mídia e mercado.
Na entrevista, ela revela que a arte e moda sempre estiveram ao seu redor, inclusive com a presença de nomes que seriam notáveis na moda nacional. Considerada uma das principais colaboradoras da Dendezeiro, sua relação com os fundadores da marca, Hisan Silva e Pedro Batalha, remonta a antes do sucesso. Atualmente, os estilistas consideram-na como a uma das musas da etiqueta, ao lado das também cantoras Liniker e Gaby Amarantos.
“Eu morava perto do Batalha e do Hisan, lá na cidade baixa, aqui em Salvador”, conta Majur sobre sua relação com os estilistas. “Voltando fardados da escola, conversávamos horas no meio do caminho. Eu vi a primeira jardineira que os meninos criaram”, continuou.


Antes de embarcar de vez na música, ela aventurou-se nas artes visuais, e chegou a cursar design gráfico. Segundo a própria Majur, o curso a ajudou a criar uma estética relacionada a sua identidade artística, abrindo espaço para imaginar o rumo musical em sua vida.
“Eu comecei a pensar na música estudando design. Nos últimos semestres, peguei tudo que estava estudando e transformei em música. Fui recriar, além do nome, uma estética que me representasse. O design me possibilitou pensar dessa forma”, defende.

Já vivendo o sucesso, a cantora teve interações com grandes etiquetas do mundo da moda, como a Gucci, sendo a primeira personalidade brasileira a ser repostada pela grife. Na ocasião, o próprio Alessandro Michele — então diretor criativo da grife italiana — teceu elogios ao look da cantora, montado pelo personal stylist Bruno Pimentel, e republicou a foto no próprio Instagram da marca.
Outra label conhecida na moda global com quem Majur dividiu um momento de destaque foi a joalheria Swarovski. Em sua apresentação no Palco Mundo do Rock In Rio, em 2024, a artista subiu ao palco em um traje adornado dos cristais confeccionados pela marca austríaca.
“As marcas internacionais se atrelam a artistas que têm um estilo de vida relacionado a elas. No começo, eu não tinha o a esses produtos mas, com o tempo, fui construindo as relações e outras marcas foram se interessando. Hoje, a representatividade que tenho enquanto uma pessoa trans é muito potente, então, as marcas acabam se interessando em mim pelo que represento”, conta Majur.

Confira mais detalhes da entrevista com a cantora Majur
Coluna: o que mudou na sua arte e te levou pra concepção desse novo projeto?
Majur: O Junifé, Arrisca e Gira Mundo é uma trilogia que eu venho estudando e entendendo que eu iria expor e colocar a minha vida a fogo, a água para as pessoas, porque por meio da minha vida eu também iria possibilitar e motivar outras vidas também a se sentirem felizes, capazes de irem atrás do que desejam para si.
Acho que o terceiro álbum é o meu agradecimento, é a minha percepção do que eu senti com essas energias que vivi. Eu quero apresentar as pessoas de fato sem preconceito, sem intolerância, sem pensar que é alguma coisa que pode se afetar, porém, com o coração aberto de entender o que faz parte da nossa cultura enquanto pessoas brasileiras.
Você costuma relacionar muito o candomblé com a música. No Gira Mundo, como isso se converte?
Majur: O candomblé, quando vem parar aqui no Brasil, vem como um movimento de resistência da cultura africana. Lá fora, na África, é uma cultura até às vezes mais isolada, não tão juntas, não como no Brasil que juntou todos os orixás dentro de uma mesma casa. É completamente diferente.
Na África, as pessoas, cada país, cada cidade cultua um orixá e tem o cotidiano referente àquele orixá. Mas quando eu falo de cultura africana dentro do Brasil, ele já vem automaticamente referenciando o canomblé, referenciando uma religião e tudo que vem das pessoas pretas de fato. Ao mesmo tempo, eu proponho dentro do entendimento de um Brasil miscigenado, que é o nosso país nesse momento, que as pessoas percebam essa miscigenação. E se existe a miscigenação, a gente também tem o direito de ter todas essas culturas muito bem representadas.

Você foi a primeira artista brasileira a aparecer na página da Gucci. Como foi ter sido essa conexão do Brasil com uma das marcas mais tradicionais?
Majur: É muito louco, porque a Gucci me viu. De repente, vem a Gucci e fala: “Olha, ‘tô’ mandando roupas para você para e se você gostar de alguma usa”. Eu falei: “Loucura, gente, como pode uma coisa dessa?”. Aí o Bruno criou um look que ele era uma mistura de muitas peças da Gucci. E essas peças estavam em showroom, guardadas, ninguém tinha o.
Isso me posicionou de uma forma muito incrível, porque quando eu cheguei, o Bruno Pimentel, meu stylist, ele trouxe um trabalho incrível. Ele me viu, né, enquanto pessoa não binárie e a marca Gucci foi escolhida porque é uma marca que representava a ideia do não binarismo.
Relacionando tudo sobre marcas, sua representatividade como uma artista negra e brasileira. Como é ser reconhecida também por etiquetas nacionais?
Majur: Já tinha um tempo que, dentro desse processo, eu fui muito para as marcas internacionais. Me vesti durante muito tempo e o Bruno sempre mesclava com alguma marca nacional para que eu também tivesse o à moda nacional. Afinal, estou dentro do Brasil, não seria só um totem de marcas internacionais eando pelo Brasil sendo uma mulher brasileira.
Eu comecei a experimentar os meninos da Dendezeiro, eles fazem parte da minha vida porque eles são os meus amigos há muito tempo. A gente já estudou muito perto, a gente se via após escola, voltando fardados da escola, conversava horas no meio do caminho. Vi a primeira jardineira que os meninos criaram. Depois vi a evolução deles, até que eu quis estar com eles.
Nessa brincadeira, já são cinco vezes que eu desfilo com eles. Eu acho isso tão lindo, porque a gente é de Salvador, da mesma cidade. A gente esteve no mesmo bairro, da mesma parte da cidade, da cidade baixa. E é um orgulho ver dois jovens incríveis que também pensaram sobre a sua carreira exponencialmente se colocando pra frente através de projetos, não desistindo.

Com o lançamento do álbum, Majur não só encerra uma trilogia, como também reforça sua conexão com a moda, destacando sua representatividade como artista brasileira. Agora, os fãs podem mergulhar nesse novo capítulo da carreira da cantoa, que convida todos a ouvir Gira Mundo com o coração aberto e a se conectar com a energia vibrante de sua música.