Empresários e advogados montam rota milionária de drogas para Europa
Os alvos incluem empresários, doleiros, advogados, casas de câmbio, escritórios de advocacia e até um gerente de instituição financeira
atualizado
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A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (7/5) a Operação Tropeiros II para desmontar um esquema criminoso que usava “mulas”, pessoas aliciadas para transportar drogas, para enviar cocaína para a Europa. Com atuação em pelo menos três estados, o grupo é suspeito de movimentar R$ 10 milhões por meio de tráfico internacional e lavagem de dinheiro. Os alvos incluem empresários, doleiros, advogados, casas de câmbio, escritórios de advocacia e até um gerente de instituição financeira, todos suspeitos de dar e logístico e financeiro ao esquema.
A nova fase da operação é resultado do aprofundamento das investigações iniciadas em 2022, após a prisão em flagrante de uma jovem no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio.
Ela levava 3,2 kg de cocaína escondidos no forro da mala despachada com destino à cidade de Horta, em Portugal. O episódio ajudou a polícia a descobrir não apenas a rota, mas também o nível de organização do esquema. Mochilas e malas eram adaptadas para ocultar os entorpecentes, e os os das mulas eram monitorados em tempo real via aplicativos de celular.
Na ação desta quarta, cerca de 100 policiais federais, em parceria com o Ministério Público Federal, cumpriram 21 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Niterói, São Paulo, Campinas e Salvador.
A lavagem do dinheiro do tráfico era feita com a abertura de empresas de fachada, movimentação em contas de terceiros e o uso do sistema financeiro paralelo alimentado por doleiros. De acordo com a Polícia Federal, o grupo utilizava métodos elaborados para dificultar o rastreamento e garantir a circulação do dinheiro entre Brasil e Europa.
A operação foi batizada de “Tropeiros” em alusão aos antigos condutores de cargas que percorriam o país, em uma metáfora direta aos recrutadores e transportadores de drogas da organização. As penas somadas para os investigados podem chegar a 35 anos de prisão, por crimes de associação criminosa, tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.