“Só tem favelado”, diz influencer sobre faculdade particular do DF
Leonardo Avila, aluno do IDP, postou um vídeo nas redes sociais dizendo que os alunos da faculdade são “pobres de tudo”
atualizado
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Um estudante do curso de istração do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) causou revolta nos demais alunos da faculdade após declarar, em um vídeo postado nas redes sociais, que há apenas “favelados” matriculados na instituição. Leonardo Avila (foto em destaque) é influenciador digital e postou as declarações numa rede social em que acumula quase 234 mil seguidores e milhões de visualizações. O IDP informou à coluna que instaurou um procedimento para apurar a conduta do estudante.
O criador de conteúdo, que estuda no campus da Asa Norte, em Brasília, começa o vídeo dizendo que sua mãe autorizou que ele mude de instituição de ensino, mas explicou que já fez a troca outras vezes e, por isso, está se sentindo mal. “Eu já troquei de faculdade três vezes e, aparentemente, não gosto nem das pessoas nem das faculdades que faço.”
O influencer e estudante de istração é filho de Leonardo Oliveira de Ávila, presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico do DF (Codese-DF).
“É porque o povo, pelo menos na minha faculdade, não é só pobre de dinheiro, é pobre de tudo, entendeu? O povo ainda fala: ‘Nossa, Léo, mas a sua faculdade é cara’. É cara, mas qualquer um arruma um jeito de pagar aqui, porque só tem favelado”, riu.
Leonardo finaliza o vídeo dizendo que tem receio de trocar de instituição e acabar se arrependendo outra vez. “Vocês já aram por isso?”, questiona o estudante.
O vídeo foi amplamente compartilhado entre alunos da instituição, que demonstraram indignação com as falas. “Vejam esse vídeo. É assim que alguns enxergam os colegas de faculdade: como ‘favelados’, só porque são bolsistas ou não têm grana”, escreveu um estudante.
Retratação
Na terça-feira (1º/4), o influenciador postou um vídeo intitulado “posicionamento sobre vídeo na universidade”. Na publicação, Leonardo aparece sorridente, declarando a intenção de se redimir por ter usado “palavras equívocas”.
“Eu falei alguns termos como se o pessoal da minha faculdade e do meu convívio tivesse uma condição financeira ruim, e algumas pessoas se afetam muito quanto a isso, mas, no fim das contas, a gente não deve se importar com a condição financeira dos demais. A gente deve, sim, se importar com o que a pessoa é por dentro”, declarou.
Leonardo continuou a gravação dizendo que várias pessoas que têm contato com ele no campus não têm hábitos tão gentis.
“Isso me deixa magoado, portanto eu fiquei muito chateado com isso e fiz um vídeo sobre. Eu não tive apoio de pessoas da faculdade quanto a isso, mas eu tenho amigos muito legais fora da faculdade, que são muito fofos e amorosos e cuidam de mim. Inclusive, eles que falaram para eu fazer este vídeo, porque algumas pessoas ficaram magoadas”, disse.
O influenciador finalizou o vídeo dizendo para os alunos não ficarem “magoadinhos”. “Está tudo bem. A condição financeira de cada um só deve ser interpretada por cada qual e isso não é relevante para o ensino superior, e, sim, o que as pessoas têm a oferecer de conhecimento técnico. Valeu”, disse, rindo.
A coluna verificou que o vídeo foi apagado do perfil de Leonardo.
Posicionamento
À coluna o IDP informou que, assim que tomou conhecimento do vídeo, instaurou um comitê disciplinar para apurar a conduta do aluno, que cursa istração no campus da Asa Norte. O estudante terá direito de apresentar sua defesa dentro do prazo estabelecido.
A instituição possui um regulamento interno que proíbe ofensas, comentários difamatórios e condutas ofensivas contra membros do corpo docente e discente. Após análise do caso por uma comissão de professores, o IDP decidirá qual medida disciplinar será aplicada — que pode incluir advertência, suspensão ou até expulsão.
“O episódio é triste e não representa a visão institucional. O IDP repudia toda forma de preconceito. Temos medidas ativas de diversidade para o corpo docente e discente. Temos orgulho dos nossos bolsistas. E trabalhamos duro, todos os dias, por um país mais inclusivo”, disse Atalá Correia, diretor acadêmico da graduação do IDP.
Em nota pública, o IDP escreveu que “reafirma seu compromisso com o respeito, a inclusão e a dignidade de todos os membros da sua comunidade acadêmica. A instituição repudia, de forma categórica, qualquer conduta discriminatória e informa que as medidas cabíveis estão sendo adotadas com a devida responsabilidade”. O aluno foi formalmente notificado sobre a abertura do processo istrativo.
A coluna procurou Leonardo Ávila, mas, até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. O espaço segue aberto.