As provas que a PGR ignorou ao poupar Valdemar de denúncia sobre golpe
Valdemar teria agido de “forma dolosa”, segundo a PF, ao questionar o resultado das eleições. PGR não viu elementos suficientes
atualizado
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) ignorou digitais do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, na tentativa de golpe de Estado. Ele foi um dos 10 indiciados pela Polícia Federal (PF) que não foram denunciados pela PGR.
Para a PF, Valdemar autou “de forma coordenada” para que o ex-presidente Jair Bolsonaro continuasse no poder. Apontou ainda que ele agiu de forma “forma dolosa” ao questionar o resultado do segundo turno das eleições de 2022 com relatório fraudulento sobre as urnas eletrônicas. O presidente do PL foi indiciado pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
A denúncia da PGR, por sua vez, sequer cita o nome de Valdemar Costa Neto.
Em nota à coluna, a Procuradoria-Geral da República explicou que, por ora, “entendeu não haver elementos suficientes para embasar uma denúncia” contra o presidente do PL. A Procuradoria acrescentou que “caso novos fatos sejam apresentados, a ação poderá ser proposta”. Procurado, Valdemar não se manifestou.
As digitais de Valdemar Costa Neto
1. Presidente do PL contratou empresa para ‘auditar’ urnas
Na condição de presidente do PL, o mesmo partido de Jair Bolsonaro, Valdemar Costa Neto contratou o Instituto Voto Legal (IVL), por R$ 1,5 milhão, para fazer o estudo que questionasse as urnas eletrônicas brasileiras. Os técnicos do IVL produziram relatórios negando qualquer tipo de fraude nas urnas, mas esses documentos foram ocultados e ignorados.
2. Representação na Justiça Eleitoral para questionar eleições
O PL, com anuência de Valdemar e Bolsonaro, decide mesmo assim entrar com “Representação Eleitoral para Verificação Extraordinária” junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com objetivo de anular os votos do pleito de 2022.
3. Coletiva de imprensa para sustentar os argumentos fraudulentos
Na ocasião da representação junto à Justiça Eleitoral, Valdemar e o presidente do IVL, Carlos Rocha, fizeram uma coletiva de imprensa no dia 22 de novembro de 2022 para detalhar a auditoria nas urnas. “O relatório não expressa a opinião do PL, mas é resultado de estudos feitos por especialistas”, disse o presidente do PL na ocasião.
4. Justiça Eleitoral multa PL por litigância de má-fé
O então presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, multou o partido de Bolsonaro em quase R$ 23 milhões, em julgamento no dia 15 de dezembro de 2022. A corte entendeu ainda que Valdemar e o presidente do IVL deveriam ser investigados, no âmbito de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF), que investigava a propagação de notícias fraudulentas (fake news), falsas comunicações de crimes, denunciações caluniosas.
5. Presidente do PL sabia que não existia fraude nas urnas
Para a PF, Valdemar e Bolsonaro, agiram de “forma dolosa”. Ambos tinham conhecimento, segundo a corporação, que o PL e o IVL abasteciam influenciadores digitais com informações falsas sobre as urnas eletrônicas e o processo eleitoral brasileiro.
6. As demandas de Valdemar aos técnicos do IVL
A PF encontrou troca de mensagens do presidente do PL com técnicos ligados ao IVL, em que ele demandava os profissionais diretamente por telefone, mensagens por aplicativo e marcava reuniões. O objetivo é que eles encontrassem indícios de fraudes nas eleições. Valdemar chegou a mandar dados de urnas do segundo turno das eleições para o presidente do IVL e um programador perguntando se eles conseguiam alguma coisa.
7. Para PF, Valdemar teve atuação direta
“As conversas e trocas de mensagens são relacionadas às buscas por indícios de fraudes nas eleições, confirmando a atuação direta de Valdemar na propagação de informações falsas sobre as urnas eletrônicas”, escreveu a corporação sobre o presidente do PL em um trecho do inquérito do Golpe de Estado.
8. Mauro Cid cita Valdemar em delação
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, cita o nome de Valdemar Costa Neto em delação à Polícia Federal. O militar disse que o cacique do PL pertencia ao grupo de pessoas próximas a Bolsonaro responsável por encontrar fraude nas urnas. Cid contou que o ex-presidente pressionava o grupo formado por Valdemar, e alguns oficiais de alta patente, entre eles o general Pazzuello.