“Criptogate” complica Milei e oposição pede impeachment na Argentina

O presidente da Argentina, Javier Milei, se tornou alvo da oposição que pede até a abertura de um processo de impeachment desde o último fim de semana. O motivo é uma confusão na qual ele se envolveu sobre o lançamento de uma criptomoeda, chamado popularmente de criptogate. O caso se tornou o maior escândalo desde que Milei assumiu o comando do país.

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Entenda o caso

• Milei divulgou o lançamento de uma criptomoeda no perfil dele no X.
• O valor da moeda decolou com a publicação, mas, em poucos minutos, caiu abruptamente.
• Há indícios de que os desenvolvedores da criptomoeda ganharam muito dinheiro, enquanto muitos outros investidores perderam.
• O presidente pediu para que sua própria conduta seja investigada após pressão da oposição por um pedido de impeachment.

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Na sexta-feira (14/2), Milei publicou uma mensagem no X (antigo Twitter) sobre a criptomoeda $Libra.

“A Argentina liberal está crescendo! Este projeto privado será dedicado a incentivar o crescimento da economia argentina por meio do financiamento de pequenas empresas e startups argentinas. O mundo quer investir na Argentina. $Libra. Viva a liberdade, porra…!!!”, escreveu ele no X, postagem na qual também mencionou o link de investimento.

Cinco minutos antes do tweet de Milei, desenvolvedores da $Libra transferiram fundos para que os investidores pudessem comprar e vender a criptomoeda. Cerca de 84% das moedas estavam nas mãos de três usuários que integravam a equipe de desenvolvedores da $Libra. Em 45 minutos após a publicação, a criptomoeda decolou no mercado.

Veja a variação da cotação da $Libra após a publicação de Milei:

 

Cerca de 40 minutos após o lançamento da moeda, os primeiros usuários começaram a vender rapidamente a $Libra, quando ela ainda estava com valor elevado. Analistas de criptomoedas ouvidos pelo Buenos Aires Herald afirmaram que a maioria dos usuários que tiveram a primeira iniciativa de venda eram da equipe de desenvolvimento da moeda virtual.

Houve, então, uma virada no desempenho da $Libra, que ou por um “derretimento”, dando fim a $ 87,4 milhões do valor atingido minutos antes. No entanto, o pior ainda estava por vir. Horas depois, ela colapsou completamente.

Como os movimentos financeiros ocorreram após a publicação, analistas de economia e a oposição, principalmente, começaram a levantar a hipótese de uma possível fraude.

Com a queda da $Libra, outros investidores, ao menos 75% do total, que haviam apostado na subida da moeda virtual, associada à publicação, tiveram prejuízo.

Oposição partiu para cima de Milei

Diante da situação, o presidente argentino foi alvo de oposicionistas e analistas de economia. Eles aventaram a possibilidade de uma possível fraude. Horas depois, o presidente argentino fez outra publicação na rede social, mas desta vez dizendo não saber dos “detalhes do projeto”.

“Algumas horas atrás postei um tweet, como tantas outras vezes, apoiando uma suposta empresa privada com a qual obviamente não tenho nenhuma ligação. Eu não estava ciente dos detalhes do projeto e depois de tomar conhecimento dele decidi não continuar a divulgá-lo (por isso apaguei o tweet)”, escreveu.

Uma das primeiras figuras políticas a reagir diante da situação foi a ex-presidente Cristina Kirchner. Ela afirmou que o presidente havia transformado a argentina “em um cassino”.

“A participação de Milei no crime de fraude criptográfica é gravíssima. É um escândalo sem precedentes. Nosso bloco de deputados nacionais decidiu avançar com a apresentação de um pedido de impeachment contra o Presidente da Nação”, afirmou a coalizão peronista Unión por la Patria.

O que diz o presidente argentino

Sobre a investida da oposição e a ameaça de investigação, Milei retrucou: “Aos ratos imundos da casta política que querem se aproveitar dessa situação para fazer mal, quero dizer que a cada dia eles confirmam o quão vis os políticos são, e aumentam nossa convicção de dar um chute na bunda deles”.

A presidência argentina divulgou um comunicado no qual diz que Milei pediu uma investigação do Escritório Argentino Anticorrupção para investigar se a conduta dele resultou em conduta imprópria. Além disto, foi divulgada a criação de uma força-tarefa dentro da presidência para apurar as circunstâncias do lançamento da $Libra.