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O prefeito pró-europeu de Varsóvia Rafal Trzaskowski e o historiador nacionalista Karol Nawrocki, irador de Trump, entraram nessa sexta-feira (30/5) na reta final da campanha para o segundo turno da eleição presidencial na Polônia. As pesquisas apontam para uma votação acirrada nas eleições previstas para este domingo (1°/6), já que nenhum dos dois candidatos obteve mais de 50% dos votos no primeiro turno, realizado em 18 de maio.
A vitória do prefeito representaria um impulso significativo para o governo liberal do primeiro-ministro Donald Tusk, que tem posições divergentes do presidente conservador Andrzej Duda. Trzaskowski defende medidas como a legalização da união civil para casais do mesmo sexo e o flexibilização da proibição quase total do aborto no país.
Já a vitória de Karol Nawrocki, 42, irador do presidente americano Donald Trump, enfraqueceria o apoio da Polônia à Ucrânia na guerra contra a Rússia. Nawrocki se opõe à entrada do país na Otan e critica a ajuda oferecida a refugiados ucranianos.
Em um de seus últimos comícios, Trzaskowski convocou seus apoiadores à mobilização. “Se a participação for tão alta quanto em 2023, ou até maior, venceremos esta eleição presidencial”, disse em Chojnice, no norte do país.
Nas eleições legislativas de 2023, que deram vitória à coalizão pró-Europa de Tusk, a participação foi de 74,38%. “Vamos escolher um presidente disposto a construir, a reunir a comunidade, alguém que sempre estenderá a mão. A alternativa é mais conflito e caos”, afirmou.
Em sua campanha, Nawrocki prestou homenagem às vítimas dos massacres de poloneses por nacionalistas ucranianos durante a Segunda Guerra Mundial, um tema sensível nas relações entre os dois países.
“Foi um genocídio contra o povo polonês. Não há dúvida: foi um crime cometido por nacionalistas ucranianos”, declarou em Domostawa, no sudeste da Polônia.
“Choque de civilizações”
Analistas preveem que uma vitória de Nawrocki pode levar a novas eleições legislativas. O resultado final só deve ser conhecido na segunda-feira (2/5).
“Eu não abriria o champanhe no domingo à noite”, diz a cientista política Anna Materska-Sosnowska, que classificou a eleição como um “verdadeiro choque de civilizações”, dada a diferença ideológica entre os candidatos.
A média das últimas pesquisas aponta uma vitória apertada de Trzaskowski, com 50,6% contra 49,4% para Nawrocki. O resultado dependerá da capacidade do prefeito de Varsóvia de mobilizar seus eleitores e do comportamento do eleitorado de extrema direita, que tende a apoiar Nawrocki.
No primeiro turno, realizado em 18 de maio, candidatos da extrema direita somaram mais de 21% dos votos. Trzaskowski liderou o primeiro turno com 31%, contra 30% de Nawrocki. Na Polônia, o presidente tem um papel majoritariamente simbólico, mas possui poder de veto.
O atual presidente, Andrzej Duda, usou esse poder para bloquear promessas de campanha de Tusk, como reformas judiciais, liberação do aborto e reconhecimento de uniões civis. A campanha também foi marcada por revelações sobre o ado de Nawrocki.
A imprensa local noticiou que ele teria adquirido um imóvel de forma suspeita de um idoso e que, há cerca de 20 anos, teria facilitado a entrada de prostitutas em um hotel onde trabalhava como segurança, em Sopot, no norte do país. Nawrocki negou as acusações e classificou as denúncias como “mentiras”.
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