Primeiras rusgas entre EUA e Coreia do Norte surgem na nova era Trump
Após um relativo período de calmaria desde que Trump reassumiu o poder, EUA e Coreia do Norte começaram a se “estranhar” nas últimas semanas
atualizado
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Nas últimas semanas, a relativa calmaria entre Estados Unidos e Coreia do Norte, após Donald Trump reassumir a Casa Branca em janeiro, acabou. Por questões militares, os dois países voltaram a emitir declarações e ameaças em tons mais duros, inclusive com acusações de planos para uma guerra nuclear no espaço.
“Os EUA, que definiram o espaço como um futuro campo de batalha em seus primeiros anos, têm se empenhado em militarizar o espaço, alegando que aqueles que dominam o espaço podem vencer a guerra futura”, disse um comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte no último dia 27 de maio.
A declaração de Pyongang surgiu após meses de silêncio em relação a nova istração da Casa Branca, o que mudou com o anúncio do megaprojeto batizado por Trump de Domo de Ouro.
Inspirado no Domo de Ferro de Israel, o sistema de defesa antimísseis anunciado por Washington deve ficar pronto em até três anos, segundo o presidente norte-americano. Para detectar, rastrear e interceptar projéteis lançados contra os EUA, a expectativa é de que uma rede de satélites seja implantada no espaço.
Chamado de gesto de “arrogância, prática autoritária e arbitrária, que constitui um cenário de guerra nuclear espacial” por Pyongyang, o avanço do sistema de defesa causou promessas de “simetria”, caso o Domo de Ouro saia do papel.
“A segurança do Estado [Coreia do Norte] só pode ser garantida de forma confiável pela simetria de um poder incomparável, capaz de controlar totalmente não apenas os desafios atuais, mas também os desafios futuros”, disse a chancelaria norte-coreana.
Parceria com a Rússia
Enquanto Pyongang se preocupa com o Domo de Ouro, Washington enxerga outro problema em relação ao país liderado por Kim Jong-un: a parceria militar com a Rússia.
Assinado em junho de 2024, o acordo de cooperação entre os dois países é composto por vários pontos. Entre eles, a ajuda militar mútua caso alguma das nações seja atacada. O documento se tornou realidade meses depois, quando soldados norte-coreanos foram enviados ao front de batalha para lutar ao lado dos russos contra a Ucrânia.
Nesta semana, Kim recebeu o secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Sergei Shoigu, na Coreia do Norte, como parte da aproximação entre os dois países. E, entre as discussões, prometeu que Pyongyang “apoiará incondicionalmente” Moscou em questões de política externa, o que inclui a guerra travada contra a Ucrânia.
A fala de Kim não provocou uma reação direta de Trump, que revelou no início do ano a existência de contatos com o presidente da Coreia do Norte, classificado pelo líder norte-americano como um “cara muito inteligente”.
Apesar do silêncio do presidente dos EUA, que se tornou o primeiro mandatário norte-americano a pisar na Coreia do Norte em 2019, o governo dos EUA se pronunciou sobre o encontro entre Shoigu e Kim.
Por meio do Departamento de Estado dos EUA, a istração norte-americana disse que a cooperação entre Coreia do Norte e Rússia “deve acabar”.
“Países terceiros, como a Coreia do Norte, que perpetraram a guerra entre Rússia e Ucrânia, têm responsabilidade”, disse o porta-voz do Departamento de Estado Tommy Pigott à jornalistas, no dia 5 de maio. “O destacamento militar da Coreia do Norte na Rússia e qualquer apoio fornecido pela Federação Russa à RPDC em troca devem terminar”.