Projeto 2025: conheça o plano de extrema direita de Trump e apoiadores
Parte do Projeto 2025 será colocada em prática por Donald Trump, que toma posse em janeiro. Deportação em massa é um dos itens da agenda
atualizado
Compartilhar notícia

Conhecido como Projeto 2025, a agenda de transição presidencial proposta por um grupo de figuras da extrema direita do Partido Republicano próximo a Donald Trump, segundo internacionalistas, servirá como base para istração do presidente reeleito dos Estados Unidos.
O texto é composto por quatro pilares: guia de políticas para a próxima istração presidencial; banco de dados de funcionários que poderiam servir na próxima istração; treinamento para esse grupo de candidatos chamado de “Academia de istração Presidencial”; e manual de ações a serem tomadas dentro dos primeiros 180 dias no cargo.
O agrupamento de propostas é classificado pelo internacionalista Emanuel Assis como “um ultraliberalismo somado a um ultraconservadorismo”.
O Projeto 2025 foi arquitetado e coordenado por dois funcionários do alto escalão da primeira istração Trump (2017-2021), Paul Dans, ex-chefe de gabinete no Office of Personnel Management (Escritório de Gestão de Pessoal dos Estados Unidos), e Spencer Chretien, ex-assistente especial de Trump.
Segundo Assis, é “um projeto que, apesar de o Trump não ter endossado publicamente, compõe uma grande parte da sua agenda de campanha e, futuramente, de governo, pois bebem justamente dessa fonte”.
O Projeto 2025 foi liderado pela Heritage Foundation. A fundação tem um conselho consultivo formado por mais de 100 associações conservadoras.
A fundação produziu, pela primeira vez, planos de políticas para futuras istrações republicanas em 1981, quando Ronald Reagan estava prestes a tomar posse. O grupo também criou o “Mandate for Leadership” (mandato para liderança), em 2015, antes do primeiro governo de Trump.
Com dois anos na istração trumpista, a fundação revelou que Trump havia colocado em prática 64% de suas recomendações em seu governo.
Propostas
A maior parte das críticas ao projeto vem de posicionamentos diante das minorias. Emanuel Assis diz que “tem algumas medidas muito polêmicas e, de certa maneira, preocupantes a serem implementadas na política dos Estados Unidos, que visam, em primeiro lugar, resgatar os valores ultraconservadores na sociedade norte-americana”.
“Medidas políticas que resgatem esses valores: a gente está falando diretamente de desmontes a políticas de proteção aos direitos das mulheres, dos LGBTs, dos negros e de outras minorias nos Estados Unidos, em nome desses valores conservadores e desses valores familiares e cristãos”, explica o especialista.
Em mais de 900 páginas, o texto expõe ideias direcionadas a todas as esferas do Executivo, do gabinete do presidente a um departamento de segurança interna.
O projeto foi escrito por nomes conhecidos do governo Trump, como Russ Vought, que liderou o Escritório de Gestão e Orçamento; o ex-secretário de Defesa em exercício Chris Miller; e Roger Severino, que foi diretor do Escritório de Direitos Civis do Departamento de Saúde e Serviços Humanos. Além de contar com nomes de sua nova istração como o de Linda McMahon, indicada para ser secretária de educação.
Emanuel Assis destaca que o segundo eixo do Projeto 2025 “é desmontar o Estado, a máquina estatal e os serviços públicos estadunidenses. Estamos falando de propostas que visam desmontar o Ministério da Educação, desmontar o Ministério da Economia, tornar o Estado o menor possível dentro das capacidades do governo e garantir liberdades individuais”.
O texto também versa sobre “a questão da imigração, fortalecimento da segurança nacional, as fronteiras. Estamos falando de deportação em massa, a gente está falando de políticas de segurança muito mais extensivas e muito mais rígidas que podem ser aprovadas nos próximos anos”, concluiu o especialista.
O Projeto 2025 propõe que toda a burocracia federal, incluindo agências independentes como o Departamento de Justiça, sejam colocada sob controle presidencial direto, a nomeada “teoria executiva unitária”.
O documento classifica o FBI como uma “organização inchada, arrogante e cada vez mais sem lei” e pede revisões drásticas da agência e de várias outras, assim como a eliminação completa do Departamento de Educação.