Câmara de SP vira palco de disputa sobre conflito na Palestina
Homenagem ao cientista político pró-Israel André Lajst gerou reações após Câmara Municipal ter suspendido evento pró-Palestina
atualizado
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Uma homenagem da Câmara Municipal de São Paulo ao cientista político André Lajst, feita na última terça-feira (20/5), gerou reações de movimentos ligados à causa palestina na capital paulista. Presidente executivo da StandWithUs no Brasil, ONG de educação ligada à defesa de Israel e ao combate ao antissemitismo, recebeu a Medalha Anchieta e o Diploma de Gratidão da cidade de São Paulo.
O evento solene foi proposto pela vereadora Cris Monteiro (Novo) e reuniu autoridades como o cônsul-geral de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich; o presidente da Confederação Israelita de São Paulo (Conib), Claudio Lottenberg; e o presidente da Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo), Marcos Knobel.
Em reação à homenagem, o grupo Frente Palestina São Paulo convocou um ato em frente à Câmara Municipal enquanto ocorria o evento. O grupo afirma que a iniciativa é “inaceitável e uma afronta à luta do povo palestino”.
O Núcleo Palestina do PT-SP também repudiou a iniciativa. “Expressamos nosso mais veemente repúdio à decisão da Câmara Municipal de São Paulo de outorgar a Medalha Anchieta e o Diploma de Gratidão da Cidade ao senhor André Lajst, presidente executivo da StandWithUs Brasil, uma organização que se dedica a propagar uma visão unilateral e apologética das ações do Estado de Israel”, afirmou o grupo.
Histórico do problema
- Semanas atrás, a presidência da Casa havia suspendido a realização de um evento organizado pelo Núcleo Palestina do PT, que faria um debate sobre o tema e lembraria dos 77 anos da Nabka, com é chamada a “tragédia palestina” em árabe. A data é lembrada todo 15 de maio, dia seguinte ao da Independência do Estado de Israel, fato que acabou gerando a 1ª guerra árabe-israelense e a diáspora palestina.
- A Câmara alegou que a realização de eventos “estranhos às funções da Casa” precisam de autorização prévia da Mesa Diretora.
- Um ofício suspendeu a iniciativa do PT. Um evento semelhante já havia sido proibido no ano ado, sob o mesmo argumento.
- Na homenagem a André Lajst, a vereadora Cris Monteiro afirmou que o cientista político faz um trabalho importante por trazer informações fidedignas sobre o conflito.
“Obviamente, o conflito no Oriente Médio é um conflito que causa dor em todo mundo, em todas as pessoas. Os palestinos estão sofrendo, as pessoas de Israel que têm seus familiares, pessoas tomadas como reféns, enfim, é um sofrimento para todos os lados e o André faz um trabalho importante justamente por trazer essa informação apurada e fidedigna para todos nós”, disse a parlamentar.
O que diz a Câmara Municipal
A Câmara Municipal de São Paulo afirmou que sobre o evento cancelado do PT, “explicamos anteriormente que era necessária autorização prévia da Mesa Diretora para que ele ocorresse e a vereadora Luna Zaratini [líder do PT na Casa] não pediu tal autorização”.
“Sobre a homenagem da vereadora Cris Monteiro, a Câmara esclarece que os mandatos dos parlamentares são independentes e responsáveis para fazer seus eventos e não cabe fazer qualquer tipo de julgamento político ou ideológico sobre os mesmos”, informou a Casa.
O que diz André Lajst
O cientista político André Lajst afirmou que fica “triste que no Brasil alguns grupos e coletivos que dizem defender o povo palestino são formados por radicais que não aceitam o diálogo e a tolerância ao diverso”.
“Na minha trajetória, sempre acreditei que Israelenses e palestinos têm direitos e que ambos merecem ser respeitados. Eu continuarei a acreditar, a educar pela paz e a combater o antissemitismo”, afirmou Lajst.