Estudantes da USP marcam paralisação para reivindicar cotas trans
Universidade de São Paulo criou grupo de trabalho para estudar políticas voltadas às pessoas trans, não-binárias e travestis na instituição
atualizado
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São Paulo – Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) marcaram uma paralisação para esta quinta-feira (8/5) para reivindicar a aprovação de cotas trans nos vestibulares da instituição.
A mobilização foi aprovada em assembleias do Diretório Central dos Estudantes (DCE) nos diferentes campi da USP, e referendada em votações de institutos como a Escola de Comunicações e Artes (ECA), e o Instituto de Matemática e Estatística (IME).
Os alunos querem que a pauta sobre as cotas trans seja discutida na reunião do Conselho de Inclusão e Pertencimento (CoIP) marcada para esta quinta. Membro do DCE, Julio Almeida diz que o debate no CoIP é necessário para que o tema avance dentro da USP.
“Isso pode definir quanto tempo vai levar para implantar as cotas trans na universidade”, afirma o estudante de Gestão de Políticas Públicas.
Os alunos farão um protesto em frente à Reitoria da USP, às 14h. Além das cotas trans, o ato também reivindicará a criação de uma comissão para debater o o de indígenas e melhorias nas infraestruturas dos campi.
Em 2017, a USP foi a última das universidades estaduais a implantar cotas raciais. Este ano, a Universidade de Campinas (Unicamp) foi a primeira das estaduais paulistas a anunciar cotas para pessoas que se autodeclaram trans, travestis ou não-binárias.
No início deste ano, em entrevista ao Metrópoles, a reitora da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), Maysa Furlan, afirmou que o tema também está em discussão na instituição.
Quais universidades de SP têm cotas trans?
- A primeira a aprovar a medida foi a UFABC, em 2019. A universidade segue com o projeto até hoje.
- Cinco anos depois, em 2024, a Unifesp aprovou a proposta de reserva de vagas para pessoas trans no ingresso nos cursos de graduação e pós-graduação.
- Em abril deste ano, a Unicamp instituiu a política afirmativa na graduação para pessoas que se autodeclaram trans, travestis ou não-binárias.
- Em maio, a UFSCar também adotou a cota para pessoas trans e travestis nas graduações.
O que diz a USP?
A assessoria de imprensa da USP diz que o debate sobre as formas de ingresso na instituição a pelo Conselho de Graduação da universidade, e não pelo CoIP, e afirma que criou um grupo de trabalho para subsidiar a formulação de políticas institucionais voltadas à inclusão, permanência, segurança e bem-estar da população trans, travesti e não-binária, na universidade.
O grupo terá 90 dias para levantar dados sobre a presença e as condições de permanência de pessoas trans e não-binárias na USP, além de identificar barreiras institucionais e culturais que dificultem o o, a inclusão e o bem-estar dessas pessoas na universidade. Ao final do período, um relatório sobre o tema deverá ser apresentado.
A criação do grupo foi solicitada pelo Conselho de Graduação da USP, em 2024, após reivindicações da comunidade acadêmica que se intensificaram a partir de 2023. Em nota, a USP justifica a demora dizendo que a formação “envolveu indicações de diferentes instâncias da Universidade, o que demandou tempo”.
Apesar de a portaria ter sido publicada agora, a instituição diz que a instalação do grupo foi efetivada em março.
Participam dos trabalhos Rogério Monteiro de Siqueira, diretor da área de Mulheres, Relações Étnico-Raciais e Diversidades da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento; três representantes de coletivos trans da capital e do interior; um membro do Conselho de Graduação; outro do Conselho Pós-Graduação; e um do Conselho Inclusão e Pertencimento.
Paralisações na Unesp
Além da paralisação dos estudantes da USP, a quinta-feira também terá manifestações dos estudantes da Unesp. A pauta, no entanto, é diferente, com os alunos reivindicando melhorias nos restaurantes universitários, e outras questões de permanência.
Segundo os alunos, a instituição está espalhada por 24 cidades do estado de São Paulo, mas apenas 10 campi contam com restaurante universitário. O grupo defende a construção de novos restaurantes universitários e o fim da terceirização.
Um dos integrantes do movimento dos estudantes independentes da Unesp, identificado como Guilherme, afirmou que 12 campi estão mobilizados para a paralisação.