Justiça de SP torna réu PM que matou esposa e baleou filha
Ministério Público pede pena mínima de 70 anos para PM que matou esposa com mais de 50 facadas após invadir uma clínica em Santos
atualizado
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A Justiça de São Paulo aceitou, na última sexta-feira (30/5), a denúncia do Ministério Público do estado (MPSP), que pede uma pena mínima de 70 anos de prisão para o sargento da Polícia Militar (PM) Samir Carvalho, acusado de ter matado a esposa e atirado na filha de 10 anos no início de maio, após invadir uma clínica, em Santos, litoral de São Paulo.
Samir Carvalho assassinou a esposa Amanda Carvalho com três tiros e 51 facadas. A filha do casal foi baleada duas vezes, mas sobreviveu.
A denúncia do Ministério Público foi encaminhada à Justiça no dia 23 de maio. Nela, o promotor Fabio Fernandez pediu a condenação do PM à pena mínima de 70 anos de prisão, citando as qualificadoras de meio cruel, perigo comum, dissimulação, recurso que impossibilita defesa e emprego de arma de fogo de uso .
O documento também leva em consideração os agravantes de crimes praticados contra a mãe na presença da filha e contra a própria adolescente, menor de 14 anos. Foi apresentado ainda pedido para fixação de indenização mínima de R$ 100 mil para os herdeiros da mulher e de R$ 50 mil para a vítima sobrevivente, filha do casal.
Fernandez argumenta que o sargento premeditou o crime, motivado por desentendimentos na relação amorosa. Segundo a investigação, o homem apresentava comportamento frio, grosseiro e violento, chegando a ameaçar e agredir fisicamente a mulher em outras ocasiões.
Crime foi por ciúme, diz polícia
De acordo com as investigações da Polícia Civil, Samir Carvalho teria cometido o crime por ciúme, por acreditar que estava sendo traído pela mulher. Além disso, segundo as autoridades, esse sentimento seria infundado, pois não havia provas da suposta traição.
Durante a reconstituição do crime, realizada em 22 de maio e com a presença do acusado, a polícia tomou conhecimento de que ele havia chegado à clínica armado. No entendimento da delegada responsável pelo caso, isso significa que o sargento premeditou o crime.
Um laudo necroscópico do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Amanda Carvalho, além de três tiros, também foi atingida por 51 facadas pelo marido. O agente da 4ª Companhia do 6° Batalhão da PM também efetuou 10 disparos contra a filha do casal, de 10 anos, que foi atingida por dois tiros.
Segundo a última atualização da Secretaria da Segurança Pública (SSP), Samir teve a prisão convertida em preventiva pela Justiça e permanece detido no Presídio Militar Romão Gomes, na capital paulista. O sargento foi preso em flagrante logo após o delito. Ele foi afastado da Polícia Militar, posteriormente.
Invasão em clínica
Segundo o boletim de ocorrência obtido pelo Metrópoles, a mulher chegou à clínica dermatológica acompanhada da filha, “aparentando um comportamento calmo”. O marido chegou na sequência.
Tudo parecia normal, até o momento em que Amanda foi à recepcionista, junto da filha, e contou estar recebendo ameaças do marido, que estava armado. Neste momento, a vítima correu para dentro do consultório de um médico da clínica e a funcionária chamou a polícia. Enquanto isso, o dermatologista trancou o consultório e colocou cadeiras na porta para impedir a entrada de Samir.
Posteriormente, já com a polícia no local, Samir entrou na sala e disparou pelo menos 10 vezes contra a esposa. Amanda morreu no local.
Atuação da polícia
- Após o acionamento da Polícia Militar (PM) feito pela recepcionista, dois agentes foram ao local, antes mesmo de o crime acontecer.
- Na clínica, os dois PMs encontraram o sargento do lado de fora da clínica, enquanto a mulher e a filha estavam trancadas dentro do consultório.
- Depois de uma pré-averiguação, os agentes concluíram que Samir Carvalho estava desarmado, após ele ter levantado a blusa que usava. Com isso, os PMs pediram para o médico abrir a porta.
- No momento em que o consultório foi aberto, o sargento pegou a arma que estava em uma sala vizinha e disparou pelo menos 10 vezes.
- Os policiais já estavam deixando o local quando ouviram os disparos. Eles voltaram e encontraram Samir no local do crime e Amanda morta. Ele foi preso em flagrante.
- Ambos os policiais envolvidos na ocorrência estão sendo investigados por um inquérito policial militar que irá apurar “rigorosamente” o ocorrido.
Quem era Amanda?
Amanda Fernandes Carvalho tinha 42 anos quando foi morta pelo marido, com o qual tinha dois filhos. Ela também tinha outro filho, de 17 anos, fruto de outro casamento.
A mulher mantinha uma vida bem ativa nas redes sociais e fazia questão de mostrar, em um dos perfis, que era casada com Samir e mãe de três filhos, os definindo como os “motivos de viver”.
Amanda era sócia de uma empresa de logística com sede na cidade de Santos, mas já atuou no ramo da publicidade. Ela chegou a participar de um vídeo comercial de uma marca de cerveja.
Além disso, era apaixonada por vôlei e fundou o time misto da empresa em que trabalha, que competia em torneios da modalidade na região.