PF prende 4 policiais de SP suspeitos de cobrar propina de funkeiros
Policiais de Santo André, no ABC Paulista, são acusados de cobrar propina de funkeiros que promovem rifas ilegais nas redes sociais
atualizado
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São Paulo — Em operação deflagrada nesta sexta-feira (25/4), a Polícia Federal (PF) prendeu quatro policiais civis suspeitos de receber propina de influencers do funk que promovem rifas ilegais nas redes sociais. A operação “Latus Actio III”, com apoio do Ministério Público de São Paulo (MPSP) e da Corregedoria da Polícia Civil, cumpriu mandados em Mauá e Santo André, no ABC Paulista, e em São Paulo.
Entenda a operação
- Os cinco mandados de busca e apreensão e quatro de prisão preventiva foram expedidos pela 1ª Vara Criminal de Santo André, contra os quatro policiais lotados no 6º Distrito da cidade.
- Foram presos o chefe dos policiais, Fábio Marcelo Fava, e os investigadores Adriano Fernandes Bezerra, Magally Ivone Rodrigues e Múcio de Assis Ladeira. A Justiça também decretou a quebra do sigilo bancários dos investigados.
- A ação é um desdobramento das operações “Latus Actio” e “Latus Actio II”, deflagradas pela PF em março e dezembro do ano ado, quando uma organização criminosa para arrecadar propinas dentro da repartição policial foi identificada. Naquela ocasião, um policial foi preso preventivamente e outro afastado do serviço.
- Os policiais são acusados de instaurar procedimentos de Verificação de Procedência de Informações (VPI) para supostamente apurar a prática de sorteios (rifas) ilegais realizados por influenciadores por meio de suas redes sociais, condutas que poderiam configurar a contravenção penal por exploração de jogos de azar e crimes de estelionato e lavagem de dinheiro.
- No entanto, o objetivo real dos agentes era cobrar propina dos investigados e de seus advogados, a pretexto de não dar prosseguimento às apurações.
- Na denúncia do MPSP, são citados os influencers do funk MC Paiva, MC Brisola, MC GHdo7 e Biel Grau. O MC Paiva foi um dos alvos das cinco ordens de busca e apreensão na segunda fase. Em seu perfil oficial no Instagram, com 8,3 milhões de seguidores, o DJ ostenta uma vida de luxo.
- No documento, o Ministério Público afirmou que os policiais civis chegaram a cobrar R$200 mil do MC Brisola para arquivar uma investigação, que entrou em um acordo para pagar uma propina de 10% do valor (R$ 20 mil).
- A operação é um trabalho da Força Tarefa de Combate ao Crime Organizado (Ficco/SP), composta pela PF, Secretaria de Segurança Pública (SSP), Secretaria de istração Penitenciária (SAP) e Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).
- O Metrópoles busca localizar a defesa dos investigados. O espaço está aberto para manifestação.
Latus Actio II
Na segunda fase da operação, em dezembro do ano ado, após a deflagração da primeira, em 12 de março de 2024, novas evidências coletadas no material apreendido permitiram constatar que policiais civis de São Paulo teriam solicitado propina a produtores, empresários e cantores de funk para não investigá-los por exploração de jogos de azar – no caso, rifas promovidas e divulgadas por artistas e influenciadores em suas redes sociais.
Conforme nota informativa da Coordenação Geral de Fiscalização Comercial do Ministério da Fazenda, a realização de sorteios que caracterizem “rifa” não é autorizada pelo Ministério da Fazenda, tratando-se, portanto, de jogo ilegal.
Artistas e influenciadores que promoveram as rifas ilegais temiam que as investigações conduzidas pelos policiais civis investigados resultassem em ordens judiciais determinando o bloqueio, ainda que temporário, de suas contas e perfis nas redes sociais, principalmente no Instagram.
Por essa razão, teriam concordado em pagar as propinas, a fim de evitar prejuízos econômicos e de imagem.
Foram cumpridos, na época, um mandado de prisão preventiva e seis de busca e apreensão nas cidades paulistas de São Paulo, Mauá, São Caetano do Sul, Mogi das Cruzes e São José dos Campos.