PMs da Rota faziam segurança de Cara Preta, líder do PCC assassinado
Policiais da Rota, elite da Polícia Militar de São Paulo, também vazavam informações sobre operações, possibilitando fuga de líderes do PCC
atualizado
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São Paulo – Policiais militares da Rota, elite da corporação, atuaram como seguranças privados do líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) Anselmo Santa Fausta, o Cara Preta, de acordo com informações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo (MPSP).
A conduta dos PMs da Rota é investigada no mesmo inquérito policial militar que apura o envolvimento de PMs da ativa com o assassinato do delator Vinícius Gritzbach, inimigo mortal do PCC, assassinado em 8 de novembro do Aeroporto Guarulhos.
De acordo com a investigação, os agentes da Rota forneciam informações sobre operações policiais e do MPSP aos líderes do PCC, possibilitando que eles se anteciem e conseguissem escapar. A suspeita foi reiterada pelo próprio Vinícius Gritzbach – apontado como o responsável por mandar matar Cara Preta – em delação.
Não há, no entanto, informações sobre o período exato em que os policiais da Rota teriam atuado para o líder do PCC. No momento em que ele foi morto, em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé, não havia homens fazendo a segurança dele.
Mesmo assim, a atuação dos PMs da Rota junto a lideranças da facção teria continuado após a morte de Cara Preta. Segundo o MPSP, informações vazadas por integrantes do setor de inteligência do batalhão permitiram a fuga de Silvio Luiz Ferreira, o “Cebola”, apontado como “sintonia geral do progresso” e principal suspeito de ser o mandante do assassinato de Vinícius Gritzbach.
Os promotores do Gaeco foram informados pelo próprio Gritzbach, que na época já era jurado de morte pelo PCC, sobre uma reunião da cúpula da facção na casa do advogado Ahmed Hassan, conhecido como Mudi. No local, também estariam presentes outras importantes figuras ligadas ao crime organizado e à empresa de ônibus UpBus, usada para lavar dinheiro.
Em posse da informação privilegiada, o Gaeco procurou o Comando de Policiamento de Choque, responsável pela Rota, pedindo que equipes fossem até a casa do advogado para prender as lideranças do PCC.
No dia da reunião, os policiais informaram ao MPSP que não havia ninguém no local. Segundo um promotor do Gaeco, mais tarde descobriu-se que “estava todo mundo trabalhando para a facção”.
PMs presos
Nessa quinta-feira (16/1), uma operação deflagrada pela Corregedoria da Polícia Militar no âmbito do mesmo inquérito prendeu 15 policiais militares suspeitos de envolvimento com a morte de Vinícius Gritzbach.
O cabo Denis Martins foi apontado como um dos homens que executaram o delator no Aeroporto de Guarulhos. Os demais integravam e coordenavam a equipe de segurança de Gritzbach. Nenhum deles era da Rota.
Veja lista:
- Dênis Antonio Martins
- Erick Brian Galioni
- Leandro Ortiz
- Talles Rodrigues Ribeiro
- Alef De Oliveira Moura
- Julio Cesar Scallet Bardini
- Abraão Pereira Santana
- Leonardo Cherry Souza
- Wagner de Lima Compri Eicardi
- Romarks Cesar Ferreira Lima
- Thiago Maschion Angecim Da Silva
- Giovanni de Oliveira Garcia