Saiba a verdade sobre alimento apontado como “Ozempic natural”
Comparar o psyllium a medicamentos como o Ozempic banaliza terapias clínicas e ignora diferenças claras entre ambos
atualizado
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Uma nova tendência tem ganhado força nas redes sociais: a ideia de que o psyllium — uma fibra solúvel natural — seria uma espécie de “Ozempic natural”. Embora o termo seja chamativo e tenha viralizado entre criadores de conteúdo voltados para nutrição e emagrecimento, fica aqui um alerta: a comparação entre o psyllium e medicamentos como o Ozempic é equivocada e pode gerar falsas expectativas.
Ozempic e psyllium: mecanismos completamente diferentes
O Ozempic, nome comercial da semaglutida, é um medicamento injetável utilizado no tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2. Sua ação ocorre no sistema nervoso central, em que imita o hormônio GLP-1, ajudando a reduzir o apetite, melhorar o controle glicêmico e retardar o esvaziamento gástrico — com resultados comprovados na perda de peso.
Já o psyllium é uma fibra natural extraída da casca da semente da Plantago ovata. Ao entrar em contato com a água no trato gastrointestinal, forma um gel que contribui para a sensação de saciedade e melhora do trânsito intestinal.
Embora seja um excelente coadjuvante dentro de uma alimentação equilibrada, o psyllium não atua diretamente nos hormônios da fome e não deve ser confundido com um tratamento medicamentoso.

Diferentemente do Ozempic, que é indicado sob prescrição médica para pessoas com obesidade ou resistência insulínica, o psyllium não é um medicamento e não possui indicação formal para tratamento de sobrepeso ou obesidade. Seu papel é auxiliar em aspectos como o funcionamento intestinal, o controle glicêmico e a melhora da saciedade — sempre como parte de um conjunto de mudanças no estilo de vida.
10 alimentos que realmente auxiliam na perda de peso
A popularização do termo “Ozempic natural” também levanta outro ponto importante: a falsa dicotomia entre produtos naturais e medicamentos.
Tratar alternativas naturais como substitutos de terapias clínicas pode banalizar o uso correto de medicamentos e gerar uma pressão irreal sobre substâncias que não foram desenvolvidas com essa finalidade.
O que o psyllium pode (de fato) fazer por você?
Ainda assim, o psyllium pode ser um ótimo aliado para quem busca:
- Regular o intestino;
- Melhorar o controle da glicemia;
- Aumentar a saciedade entre as refeições.
Mas é importante reforçar: ele não é um emagrecedor, não substitui medicação e deve ser utilizado com orientação profissional.
Para dúvidas sobre emagrecimento, estratégias nutricionais e uso de suplementos, o mais indicado é procurar orientação médica e nutricional.
Ozempic x Mounjaro: veja qual medicação é melhor para a perda de peso
O medicamento Mounjaro, desenvolvido para o tratamento de diabetes e amplamente utilizado, de forma off label, como uma estratégia para quem deseja perder peso, já tem data marcada para chegar às farmácias brasileiras: 7 de julho. O fármaco não é o único do mercado, sendo um dos concorrentes diretos do Ozempic quando o assunto é a eficácia na redução de medidas.
O boom na procura por medicamentos que prometem controlar o peso tem levantado debates sobre o uso seguro dessas substâncias e quais delas são mais eficazes. Para esclarecer as diferenças entre os dois injetáveis mais populares do momento, conversamos com a médica Marina Ayumi, pós-graduanda em nutrologia e medicina esportiva.
De acordo com Marina Ayumi, o Ozempic (semaglutida) é um análogo do hormônio GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon), que ajuda a controlar os níveis de açúcar no sangue e reduz o apetite.
Já o Mounjaro (tirzepatida), segundo a especialista, é um duplo agonista que age tanto no GLP-1 quanto no GIP (polipeptídeo inibidor gástrico). Isso significa que sua atuação é mais ampla na regulação do apetite e do metabolismo.
Com a característica de atuar em dois hormônios, Marina revela que o Mounjaro tende a gerar maior perda de peso e estimula a quebra de gordura (lipólise). Contudo, a especialista reflete que alguns pacientes podem responder de maneira diferente a cada medicação.
Em relação aos efeitos colaterais, Marina não esconde que o tratamento pode ser bastante desconfortável. Segundo ela, é comum sentir náusea, refluxo, constipação ou diarreia. Embora casos mais graves sejam raros, a expert defende que existe chance de problemas como pancreatite ou alterações na vesícula aparecerem.
Continue lendo na coluna Claudia Meireles.
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