Samara Felippo sobre racismo sofrido pelas filhas: “Não é mimimi”
Atriz tem usado visibilidade pública para lutar por um Brasil antirracista
atualizado
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“Ódio e raiva”. Com essas duas palavras, tantas vezes usadas desnecessariamente, Samara Felippo escancarou o que sentiu as ver a filha, Alicia Barbosa, sofrer preconceito em sua festa de formatura.
A menina, de apenas 10 anos, é filha da atriz e do jogador de basquete Leandrinho. Com o ex-marido, a estrela da Rede Record também teve Lara, de 6 anos. Negras, as crianças a fizeram encarar dois universos distintos, mas que lhe ofereceram perspectivas mais empáticas na vida: a maternidade e o racismo estrutural existe no Brasil.
O episódio que despertou a fúria de Samara aconteceu no final do ano ado. “Se eu, mulher branca, estou até agora chorando sozinha […] como não validar e enxergar a raiva e ódio de séculos de humilhação e violência? Acordem!”, desabafou, no Instagram.
É na rede social, aliás, que a ruiva de 41 anos tem usado sua visibilidade para jogar a real sobre tudo que cerca a vida feminina. De relacionamentos abusivos a body shaming. De ser uma mãe real a lutar contra a opressão racial. Não há assunto que e incólume pela personalidade, eleita musa empoderada por um milhão de pessoas que a acompanham na rede social.
“Intuitivamente, sempre percebi que o feminismo era fundamental. Mas, na prática, percebi isso quando me tornei mãe. A maternidade esfrega o machismo na nossa cara. As responsabilidades e culpas são sempre da mulher. Fui desconstruindo tudo que introjetaram em mim desde pequena. Aos poucos, me cerquei de mulheres fortes e galguei o amor próprio”, reflete, em entrevista ao Metrópoles.
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Samara não foge de polêmicas. Uma das mais recentes foi quando fez topless no Carnaval, como um grito pela liberdade. “Parem de sexualizar nossos corpos”, desabafou, à época.
Embora receba mensagens de haters, ela tenta filtrar o que a engrandece. “As críticas são filtradas com maturidade e responsabilidade. As que chegam, são para o meu crescimento. Tenho tido um lindo em relação à mim e a todas as bandeiras que levanto. É isso que importa”, resume.
Luta antirracista
Samara Felippo é firme nas convicções e na luta por um Brasil antirracista.
“O racismo, estrutural ou escancarado, faz parte de nós, é histórico. É uma dívida que temos com o povo preto”, conta.
Segundo ela, a forma de criar crianças livres do preconceito e, assim, diminuir as discrepâncias, é começar reconhecendo privilégios. Além disso, todo reforço positivo é válido.
“Precisamos ensinar as crianças negras a se empoderarem, e ensinar as crianças brancas a respeitarem a diversidade”, orienta.
“Também são fundamentais as políticas e projetos que incluam cotas, imprescindíveis para a faculdade e o mercado de trabalho. Não é mimimi”, defende.
https://www.instagram.com/p/B-ayiX-pAMu/
Outro ponto importante seria, de fato, dar ao outro o lugar de fala. “As pessoas não estão dispostas a parar e ouvir. Estão sempre em cima de um pedestal, cuidando do seu próprio umbigo. Eu, branca, nunca vou saber o que é ar por uma situação de racismo. Mas tenho duas filhas negras. Estou entendendo e sentindo a dor de quem a por isso pela vida inteira. Isso é empatia”, encerra.