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A média de redução dos preços gira em torno de 70%, de acordo com corretores que atuam na cidade. Ao mesmo tempo em que o sucesso internacional de João de Deus influenciou a alta acelerada dos valores praticados no pequeno município do interior goiano, com terrenos e imóveis avaliados em milhões de reais (alguns até em moeda estrangeira), a descoberta dos abusos sexuais e as condenações na Justiça, que já acumulam mais de 60 anos de prisão, influenciaram de maneira negativa e direta a demanda por locações, hospedagens, compra e venda de imóveis. “Quem comprou antes perdeu muito dinheiro”, diz ao Metrópoles um corretor que trabalha na Sigilo Imóveis, imobiliária da cidade, e que pediu para não ser identificado. No cenário anterior ao escândalo e ao período de derrocada da Casa de Dom Inácio, residências que ficam no entorno do local, segundo ele, eram vendidas a R$ 5 milhões. Hoje, o preço máximo, e mesmo assim com grande dificuldade de venda, é R$ 1,5 milhão. “Quase não tem procura. Para locação também, praticamente inexiste”, acrescenta o corretor. A diferença brusca da realidade do que se convencionou chamar de “lado de lá” da cidade (a ala oeste), que é a parte de Abadiânia cortada pela BR-060 referente ao lado em que fica a Casa de Dom Inácio, é sentida por quem resiste em se manter no local. Leia também Brasil Após denúncias de estupro, centro de João de Deus tenta manter-se vivo Brasil Avião registrado no nome de João de Deus faz pouso forçado em Goiânia Brasil Vítimas de João de Deus continuam a aparecer após 2 anos do escândalo Distrito Federal Munição em casa: ex-distrital João de Deus é absolvido pela Justiça Chegou-se ao ponto, diante da falta de interesse em alugar imóveis que antes eram disputadíssimos nos dias de atendimento na casa (de quarta a sexta-feira), de locatários estarem oferecendo moradia em troca, apenas, do pagamento dos impostos (água, luz e internet) e da vigilância da casa. 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A maioria dos crimes sexuais teria ocorrido nessa instituiçãoVinícius Schmidt/Metrópoles4 de 5Movimento na casa é pequeno, formado na maioria por estrangeiros, e isso se reflete economicamente no mercado em voltaVinícius Schmidt/Metrópoles5 de 5A istração de Abadiânia mira em outros pontos para tornar a cidade livre da dependência que se formou nas últimas décadas pelo movimento gerado pela Casa de Dom InácioVinícius Schmidt/Metrópoles Estrangeiros e o descontrole inflacional A fama de João de Deus correu o mundo. Chamado de The Miracle Man (O homem milagroso) pelos gringos, ele atraiu atenção, público e investimento internacional para Abadiânia, nos anos de ouro da Casa de Dom Inácio. Ainda hoje, como mostrado pelo Metrópoles há uma semana, 90% das poucas pessoas que ainda frequentam o local são de outros países. 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O investimento foi tão alto que ele chegou a pagar a viagem de pedreiros da Alemanha para realizarem a obra no local. “Ele não encontrou profissionais aqui que conseguiriam fazer o projeto do jeito que ele queria”, conta. 5 imagensFechar modal.1 de 5Avenida Frontal, que dá o à Casa de Dom Inácio, em uma manhã recente de quarta-feiraVinícius Schmidt/Metrópoles2 de 5Maioria dos estabelecimentos nas imediações da casa fecharam as portas. Um dos poucos que estão em funcionamento é a loja dos cristais, ligada à Casa de Dom InácioVinícius Schmidt/Metrópoles3 de 5Salão principal da Casa de Dom Inácio, em AbadiâniaVinícius Schmidt/Metrópoles4 de 5Fotografia de João de Deus na parede da Casa de Dom Inácio Vinícius Schmidt/Metrópoles5 de 5Farmácia onde se vendia iflora na Casa Dom InácioVinícius Schmidt/Metrópoles Os dois momentos da Avenida Frontal A regra era básica: quanto mais próximo da Casa de Dom Inácio, mais valorizado era o imóvel. A fundação do local atraiu e ampliou a urbanização da cidade para aquele lado da rodovia. Até então, existia apenas a parte istrativa e comercial, que se concentrava no lado oposto da BR-060 e cuja realidade, para quem visita o município, parece ser outra. A Avenida Frontal, que dá o à Casa de Dom Inácio, é o reflexo dos momentos extremamente distintos vivenciados por João de Deus. No auge, com a visita de 7 mil pessoas por fim de semana, chegando a 3 mil por dia, às 6h de uma quarta-feira, quando eram iniciados os trabalhos, a avenida já amanhecia congestionada de carros e pessoas vestidas de branco. 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É para ficarmos aqui”, diz a esposa dele, Eliane Souza Dias. 8 imagensFechar modal.1 de 8Wilno Luiz Pina, a filha Sophya, de 10 anos, e a esposa Eliane saíram de Brasília e se mudaram para Abadiânia há seis anosVinícius Schmidt/Metrópoles2 de 8A família mantém um café em funcionamento na Avenida Frontal. Eles já tentaram se mudar da cidade algumas vezes, mas seguem resistindoVinícius Schmidt/Metrópoles3 de 8Em Abadiânia, mais de 90% das pousadas fecharam as portas na Avenida Frontal, que dá o à Casa de Dom Inácio de LoyolaVinícius Schmidt/Metrópoles4 de 8Casa em que João Teixeira de Faria, o João de Deus, cumpre prisão domiciliar Vinícius Schmidt/Metrópoles5 de 8Residência de João de Deus, em Anápolis, tem forte aparato de segurançaVinícius Schmidt/Metrópoles6 de 8Ele foi preso em dezembro de 2018 e permaneceu na prisão até março de 2020, quando ou a cumprir pena em regime domiciliar, em AnápolisVinícius Schmidt/Metrópoles7 de 8Até hoje, mais de dois anos depois da primeira denúncia, o Ministério Público de Goiás (MPGO) segue recebendo relatos de vítimas do médiumVinícius Schmidt/Metrópoles8 de 8Ele obteve a prisão domiciliar depois de ser internado várias vezes. A defesa alegou, ainda, a pandemia de Covid-19 como agravanteVinícius Schmidt/Metrópoles “Gringolândia” Os clientes do café do casal são na maioria “gringos”, que ou moram ou estão de agem pela cidade. Com a pandemia da Covid-19, alguns chegaram a ficar impossibilitados de voltar para os países de origem e aram períodos de até seis meses em Abadiânia. “São eles que salvam. Brasileiros mesmo são poucos”, afirma Wilno. É assim que a chamada “Gringolândia”, conforme o nome dado por quem vive do outro lado da rodovia, segue resistindo. São os estrangeiros que frequentam mais o comércio nas imediações da Casa de Dom Inácio e que atraem pessoas que continuam indo ao local. “Eles se organizam, falam entre eles e vão trazendo gente para cá”, relata Eliane. 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Casas milionárias perdem valor em Abadiânia após caso João de Deus

Imóveis perto da Casa de Dom Inácio que valiam R$ 5 milhões são oferecidos por R$ 1,5 milhão. Procura deixou de existir, dizem corretores

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Abadiânia, em Goiás, vive crise imobiliária após escândalo do João de Deus
1 de 1 Abadiânia, em Goiás, vive crise imobiliária após escândalo do João de Deus - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Goiânia – Os imóveis que ficam nas imediações da Casa de Dom Inácio de Loyola, fundada por João Teixeira de Faria, o João de Deus, em Abadiânia (GO), sofreram acentuada desvalorização desde que o escândalo sexual e os crimes cometidos por ele vieram à tona, em dezembro de 2018. A média de redução dos preços gira em torno de 70%, de acordo com corretores que atuam na cidade.

Ao mesmo tempo em que o sucesso internacional de João de Deus influenciou a alta acelerada dos valores praticados no pequeno município do interior goiano, com terrenos e imóveis avaliados em milhões de reais (alguns até em moeda estrangeira), a descoberta dos abusos sexuais e as condenações na Justiça, que já acumulam mais de 60 anos de prisão, influenciaram de maneira negativa e direta a demanda por locações, hospedagens, compra e venda de imóveis.

“Quem comprou antes perdeu muito dinheiro”, diz ao Metrópoles um corretor que trabalha na Sigilo Imóveis, imobiliária da cidade, e que pediu para não ser identificado. No cenário anterior ao escândalo e ao período de derrocada da Casa de Dom Inácio, residências que ficam no entorno do local, segundo ele, eram vendidas a R$ 5 milhões. Hoje, o preço máximo, e mesmo assim com grande dificuldade de venda, é R$ 1,5 milhão.

“Quase não tem procura. Para locação também, praticamente inexiste”, acrescenta o corretor. A diferença brusca da realidade do que se convencionou chamar de “lado de lá” da cidade (a ala oeste), que é a parte de Abadiânia cortada pela BR-060 referente ao lado em que fica a Casa de Dom Inácio, é sentida por quem resiste em se manter no local.

Chegou-se ao ponto, diante da falta de interesse em alugar imóveis que antes eram disputadíssimos nos dias de atendimento na casa (de quarta a sexta-feira), de locatários estarem oferecendo moradia em troca, apenas, do pagamento dos impostos (água, luz e internet) e da vigilância da casa. Ou seja: aluguel gratuito, praticamente.

“Aluguéis que antes eram de R$ 5 mil, R$ 3 mil, hoje são de R$ 500. Alguns deixam morar de graça, inclusive, só para alguém vigiar a casa”, conta a comerciante Eliane Souza Dias, que se mudou com a família para Abadiânia, há seis anos, e avalia já há algum tempo a mudança do local.

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Casas que chegaram a valer até R$ 5 milhões tiveram redução média de 70% no preço, após escândaloo de Deus veio à tona
Casa de Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, foi fundada pelo suposto médium. A maioria dos crimes sexuais teria ocorrido nessa instituição
Movimento na casa é pequeno, formado na maioria por estrangeiros, e isso se reflete economicamente no mercado em volta
A istração de Abadiânia mira em outros pontos para tornar a cidade livre da dependência que se formou nas últimas décadas pelo movimento gerado pela Casa de Dom Inácio
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Condomínio de luxo que fica ao lado da Casa de Dom Inácio de Loyola tem maioria dos imóveis pertencente a estrangeiros

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Casas que chegaram a valer até R$ 5 milhões tiveram redução média de 70% no preço, após escândaloo de Deus veio à tona

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Casa de Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, foi fundada pelo suposto médium. A maioria dos crimes sexuais teria ocorrido nessa instituição

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Movimento na casa é pequeno, formado na maioria por estrangeiros, e isso se reflete economicamente no mercado em volta

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A istração de Abadiânia mira em outros pontos para tornar a cidade livre da dependência que se formou nas últimas décadas pelo movimento gerado pela Casa de Dom Inácio

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Estrangeiros e o descontrole inflacional

A fama de João de Deus correu o mundo. Chamado de The Miracle Man (O homem milagroso) pelos gringos, ele atraiu atenção, público e investimento internacional para Abadiânia, nos anos de ouro da Casa de Dom Inácio. Ainda hoje, como mostrado pelo Metrópoles há uma semana, 90% das poucas pessoas que ainda frequentam o local são de outros países.

Novatos em terras brasileiras e devotos da figura de João de Deus, muitos estrangeiros não só se mudaram para a cidade, mas fizeram investimentos de uma vida, sujeitando-se a preços elevados, comparados à realidade média do Brasil. Compraram terrenos, casas, iniciaram construções e abriram até condomínios nas imediações do centro fundado pelo médium.

Um morador, hoje do outro lado da cidade e cuja família foi atraída para Abadiânia pelos trabalhos feitos na Casa de Dom Inácio, conta que houve um período de descontrole inflacional na pequena parte do município onde fica o centro criado por João de Deus. “Sem brincadeira, eu vi saco de pequi sendo vendido a R$ 500”, relata.

Era uma espécie de realidade paralela, em relação a tudo o que se vivia fora daquela metade da cidade. Ele cita o exemplo de um alemão que decidiu se mudar para Abadiânia e construir uma casa para morar. O investimento foi tão alto que ele chegou a pagar a viagem de pedreiros da Alemanha para realizarem a obra no local. “Ele não encontrou profissionais aqui que conseguiriam fazer o projeto do jeito que ele queria”, conta.

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Maioria dos estabelecimentos nas imediações da casa fecharam as portas. Um dos poucos que estão em funcionamento é a loja dos cristais, ligada à Casa de Dom Inácio
Salão principal da Casa de Dom Inácio, em Abadiânia
Fotografia de João de Deus na parede da Casa de Dom Inácio
Farmácia onde se vendia iflora na Casa Dom Inácio
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Avenida Frontal, que dá o à Casa de Dom Inácio, em uma manhã recente de quarta-feira

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Maioria dos estabelecimentos nas imediações da casa fecharam as portas. Um dos poucos que estão em funcionamento é a loja dos cristais, ligada à Casa de Dom Inácio

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Salão principal da Casa de Dom Inácio, em Abadiânia

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Fotografia de João de Deus na parede da Casa de Dom Inácio

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Farmácia onde se vendia iflora na Casa Dom Inácio

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Os dois momentos da Avenida Frontal

A regra era básica: quanto mais próximo da Casa de Dom Inácio, mais valorizado era o imóvel. A fundação do local atraiu e ampliou a urbanização da cidade para aquele lado da rodovia. Até então, existia apenas a parte istrativa e comercial, que se concentrava no lado oposto da BR-060 e cuja realidade, para quem visita o município, parece ser outra.

A Avenida Frontal, que dá o à Casa de Dom Inácio, é o reflexo dos momentos extremamente distintos vivenciados por João de Deus. No auge, com a visita de 7 mil pessoas por fim de semana, chegando a 3 mil por dia, às 6h de uma quarta-feira, quando eram iniciados os trabalhos, a avenida já amanhecia congestionada de carros e pessoas vestidas de branco.

Hoje, com uma média de 50 pessoas visitando a casa diariamente e sem a presença de João de Deus, que cumpre pena em prisão domiciliar na vizinha Anápolis, o que se vê são poucos resistentes que ainda mantêm comércios e morada nas imediações do espaço. “São nove comércios abertos na avenida ainda”, conta nos dedos o comerciante Wilno Luiz Pina, que mantém um café em funcionamento no local.

Ele e a família saíram de Brasília para morar em Abadiânia há seis anos, depois que buscaram tratamento espiritual na Casa de Dom Inácio e ouviram da entidade incorporada em João de Deus que deveriam se mudar para lá. “Na primeira vez, ela me perguntou: ‘E já mudou para cá?’. Eu disse que não e ela respondeu: ‘Então venha e fique do lado de cá [da cidade]’”, relata.

Com a crise comercial e imobiliária acirrada pela pandemia da Covid-19, Wilno e a família já tentaram se mudar da cidade algumas vezes. “Mas é incrível! Toda vez que a gente quer sair, acontece algo. Parece que não é para ser. É para ficarmos aqui”, diz a esposa dele, Eliane Souza Dias.

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A família mantém um café em funcionamento na Avenida Frontal. Eles já tentaram se mudar da cidade algumas vezes, mas seguem resistindo
Em Abadiânia, mais de 90% das pousadas fecharam as portas na Avenida Frontal, que dá o à Casa de Dom Inácio de Loyola
Casa em que João Teixeira de Faria, o João de Deus, cumpre prisão domiciliar
Residência de João de Deus, em Anápolis, tem forte aparato de segurança
Ele foi preso em dezembro de 2018 e permaneceu na prisão até março de 2020, quando ou a cumprir pena em regime domiciliar, em Anápolis
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Wilno Luiz Pina, a filha Sophya, de 10 anos, e a esposa Eliane saíram de Brasília e se mudaram para Abadiânia há seis anos

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A família mantém um café em funcionamento na Avenida Frontal. Eles já tentaram se mudar da cidade algumas vezes, mas seguem resistindo

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Em Abadiânia, mais de 90% das pousadas fecharam as portas na Avenida Frontal, que dá o à Casa de Dom Inácio de Loyola

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Casa em que João Teixeira de Faria, o João de Deus, cumpre prisão domiciliar

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Residência de João de Deus, em Anápolis, tem forte aparato de segurança

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Ele foi preso em dezembro de 2018 e permaneceu na prisão até março de 2020, quando ou a cumprir pena em regime domiciliar, em Anápolis

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Até hoje, mais de dois anos depois da primeira denúncia, o Ministério Público de Goiás (MPGO) segue recebendo relatos de vítimas do médium

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Ele obteve a prisão domiciliar depois de ser internado várias vezes. A defesa alegou, ainda, a pandemia de Covid-19 como agravante

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“Gringolândia”

Os clientes do café do casal são na maioria “gringos”, que ou moram ou estão de agem pela cidade. Com a pandemia da Covid-19, alguns chegaram a ficar impossibilitados de voltar para os países de origem e aram períodos de até seis meses em Abadiânia. “São eles que salvam. Brasileiros mesmo são poucos”, afirma Wilno.

É assim que a chamada “Gringolândia”, conforme o nome dado por quem vive do outro lado da rodovia, segue resistindo. São os estrangeiros que frequentam mais o comércio nas imediações da Casa de Dom Inácio e que atraem pessoas que continuam indo ao local. “Eles se organizam, falam entre eles e vão trazendo gente para cá”, relata Eliane.

Já o município como um todo, que viveu momentos tensos de desemprego, gerados pelo pós-escândalo de João de Deus, tenta seguir livre da influência do médium e aposta, hoje, nas atrações do lago Corumbá IV, que movimenta o mercado imobiliário e turístico em direção oposta à da Casa de Dom Inácio.

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