Comida e funerária: empresário preso com R$1,2 mi tem empresa faz-tudo
Cesar Albuquerque, um dos empresários detidos pela PF no Aeroporto de Brasília, tem comércio que oferece serviços em 40 áreas diferentes
atualizado
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Cesar de Jesus Glória Albuquerque, um dos três empresários interceptados nessa terça-feira (20/5) pela Polícia Federal (PF), no Aeroporto Internacional de Brasília, quando carregavam R$ 1,25 milhão em uma mala, é dono de uma empresa que oferece serviços que vão desde a comercialização de alimentos a atividades funerárias.
No Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, a empresa chamada CJ Comércios e Serviços lista mais de 40 atividades cadastradas na Classificação Nacional das Atividades Econômicas (Cnae), sendo a principal o comércio varejista de mercadorias no geral com predominância de produtos alimentícios.
Durante as diligências após a prisão do trio, a quantidade de Cnaes secundários da empresa chamou a atenção dos investigadores. Segundo o identificado, a pessoa jurídica tem como ramos de atuação alimentos, vestuário, manutenção de máquinas, construção, papelaria, veterinária, arquitetura, agência de viagens e setor funerário.
A lista de Cnaes é extensa (confira abaixo). O montante financeiro da empresa é de R$ 2,5 milhões. Também chamou a atenção dos investigadores a quantidade de veículos vinculados à empresa. São três micro-ônibus, uma caminhonete e uma retroescavadeira.
Conforme apurado pela Polícia Federal, por meio de fontes fechadas, a empresa vinculada a Cesar não possui funcionários.
À polícia, Cesar afirmou, em seu interrogatório, que é proprietário da empresa desde 2018 e que possui renda mensal média de cerca de R$ 20 mil, sendo os principais rendimentos da empresa providosde contratos celebrados junto a Prefeituras do estado do Amazonas.
O empresário declarou, ainda, que a empresa possui cinco micro-ônibus e que os veículos são utilizados para transporte escolar. Segundo ele, vinha a Brasília com objetivo de olhar dois veículos, encontrados em uma plataforma de compra e vendas de automóveis, em Goiás. Questionado sobre o local em que os veículos estavam, ele respondeu que não sabia com exatidão.
Contrato com a prefeitura
Em julho de 2021, a empresa foi contratada pela prefeitura de Presidente Figueiredo, município localizado na Região Metropolitana de Manaus, para realizar a manutenção de botes aquáticos.
O documento divulgado no Diário da Associação Amazonense dos Municípios (AAM) pagou R$ 130 mil para a empresa escolhida realizar o serviço durante seis meses.
Na lista de Cnaes da empresa, aparece o código para prestar serviços de manutenção e reparação de embarcações e estruturas flutuantes, o que viabilizou a contratação.
Ligação com políticos
Os três empresários presos mantêm ligações diretas com políticos recém-eleitos no estado do Amazonas. Entre as conexões apuradas pela coluna, destaca-se o vínculo familiar e financeiro com o vereador Lucas Souza Moitinho, do União Brasil, eleito em 2024 na cidade de Presidente Figueiredo.
Vagner Santos Moitinho, um dos presos na operação da Polícia Federal, é pai do vereador. De acordo com registros oficiais de prestação de contas eleitoral, aos quais a coluna teve o, Vagner doou R$ 1 mil para a campanha do filho nas eleições municipais de 2024.
Já César de Jesus Glória Albuquerque figura como doador na campanha de Lucas Souza Moitinho, conforme consta na documentação entregue à Justiça Eleitoral.
As conexões políticas do grupo não se restringem ao município de Presidente Figueiredo. A empresa Saraiva Comércio de Confecção Ltda, vinculada ao terceiro preso, Erick Pinto Saraiva, recebeu R$ 64 mil da campanha do prefeito eleito de Itacoatiara (AM), Mario Jorge Bouez Abrahim, nas eleições de 2024.
A mesma empresa também foi contemplada com ree de R$ 29.520 da Direção Municipal/Comissão Provisória do partido Republicanos em Itacoatiara.