Por que mães ainda associam prazer à culpa e como mudar essa concepção
Cuidar de si mesma é essencial para que mães se reconectem com seus desejos e sua sexualidade
atualizado
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A maternidade é um momento único e incrível, que abre um novo mundo para a família que se forma. Contudo, por mais natural e prazerosa que seja, ela não define por completo uma mulher. Ser mãe é um dos diferentes papéis que a mulher exerce no seu dia a dia, em que coexistem também a profissional, a filha, a amiga e a disposta a sentir prazer.
Sendo assim, a maternidade não pode suprimir a autoestima da mulher nem a busca por prazer na vida a dois. Por isso, neste Dia das Mães, a coluna Pouca Vergonha conversa com a sexóloga e psicóloga especialista em relacionamento Bárbara Meneses para abordar como o prazer e a sexualidade ainda devem ter espaço na vida das mães.
Prazer atrelado ao sentimento de culpa
Bárbara destaca que, para as mães, o prazer ainda é visto atrelado ao sentimento de culpa. “Tem uma questão, influenciada pela religião, que coloca a maternidade em um lugar de santidade, como se depois que uma mulher se torna mãe, ela se torna alguém pura, alguém que abriu mão dos seus desejos, da sua libido por conta dessa criança”, avalia a profissional.
“A gente tem essa cobrança e essa sobrecarga em relação ao prazer feminino, porque, para muitas pessoas, a mãe teria que abrir mão da criança e do papel maternal para exercitar a sua sexualidade, o seu sexo, os seus desejos, os seus prazeres”, acrescenta.

Além disso, a sexóloga avalia que as mulheres já têm uma série de cobranças sociais, e, com a maternidade, as demandas aumentam significativamente, não “sobrando” tempo, por exemplo, para o prazer.
“A maternidade como um todo já é colocada com muita culpa, e qualquer outra decisão que essa mãe tome em benefício próprio parece que é algo extremamente condenado socialmente”, pondera Bárbara. “Imagina buscar o prazer, transar, ou paquerar por exemplo”, acrescenta.
Cuidar de si e respeitar o seu tempo
O prazer sem culpa na maternidade significa viver a experiência de ser mãe, mas viver essa jornada com leveza, sem se sentir constantemente pressionada por padrões de perfeição.
Para isso, na avaliação da psicóloga e sexóloga, antes de tudo a mulher precisa se conhecer e se respeitar. “Ela precisa cuidar do seu físico, do seu emocional, do seu sexual e do seu espiritual. Então, resumindo, o primeiro o para vencer o preconceito é essa mulher se olhar”, afirma.
“Se livrar desses preconceitos significa se conhecer, se amar, se respeitar e entender que a criança ficará bem sem a mãe por algum momento também. É sobre tentar se libertar dessa culpa e desses valores que punem a mulher”, acrescenta a sexóloga.
Além disso, Bárbara salienta que as mães devem saber e valorizar a própria sexualidade e reconhecer que têm desejos e prazeres.
“A maternidade traz uma exaustão, além de mudanças físicas e hormonais. E, muitas vezes, essa mulher precisa dar conta sozinha. Mas, não, ela pode pedir ajuda, pode contar com a rede de apoio e vivenciar todo esse autocuidado. Essa mãe precisa retomar as atividades físicas, retomar o cuidado emocional e a vida sexual no tempo dela.”