Chá anti-inflamatório diminui açúcar no sangue e protege o cérebro
Entre os benefícios do chá está a ação antimicrobiana, especialmente contra fungos e bactérias que causam infecções bucais e intestinais
atualizado
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Com aroma marcante e uso na medicina natural, o cravo-da-índia (Syzygium aromaticum) é base de um chá popular no Brasil. Rico em compostos bioativos, ele é associado a efeitos anti-inflamatórios, alívio de dores e controle do açúcar no sangue.
Além do sabor característico, a infusão se destaca por conter substâncias como eugenol, flavonoides, taninos e compostos fenólicos, que ajudam a proteger o organismo de diferentes formas. Um dos principais benefícios é sua ação anti-inflamatória.
“O eugenol, principal ativo do cravo, inibe substâncias envolvidas nos processos inflamatórios, contribuindo para a melhora de dores e condições inflamatórias crônicas”, explica a nutricionista Laíta Babio, que atua em São Paulo.
Essa propriedade anti-inflamatória, segundo especialistas, vai além do alívio físico. “Estudos mostram que o eugenol também modula vias inflamatórias relacionadas a transtornos como depressão, TDAH e ansiedade, nos quais há presença de inflamação de baixo grau”, afirma Carla de Castro, nutricionista da clínica Sallva, em Brasília.
Outro benefício importante está na proteção do cérebro. Os compostos antioxidantes presentes no cravo combatem o estresse oxidativo, processo que acelera o envelhecimento e está ligado a doenças neurodegenerativas, como Alzheimer.
A bebida ainda pode ajudar em casos de infecções leves. “O chá tem ação antimicrobiana, especialmente contra fungos e bactérias que causam infecções bucais e intestinais”, diz Laíta. A nutricionista também destaca o potencial analgésico do eugenol, que atua como anestésico natural, ajudando a aliviar cólicas e dor de dente.
O sistema digestivo também se beneficia da infusão. O cravo-da-índia estimula a secreção de enzimas e bile, melhorando a digestão e reduzindo sintomas como inchaço e gases.
Controle da glicemia
O chá de cravo-da-índia possui potencial de auxiliar no controle da glicose no sangue. A nutricionista Carla de Castro, explica que os compostos fenólicos como o eugenol ajudam a melhorar a sensibilidade à insulina e a modular a absorção de glicose, o que contribui para a regulação da glicemia.
“Esse efeito é especialmente relevante quando pensamos na relação entre dieta e saúde mental. Oscilações nos níveis de açúcar no sangue podem impactar diretamente o humor, a concentração e o comportamento, agravando sintomas de condições como TDAH, depressão e ansiedade”, afirma Carla.
Embora a bebida não substitua o tratamento médico, ela pode ser usada como um recurso complementar para pessoas com pré-diabetes ou diabetes, desde que com acompanhamento profissional. “É importante considerar possíveis interações com medicamentos para evitar episódios de hipoglicemia”, alerta a profissional.

Como preparar chá de cravo-da-índia?
Para obter os benefícios terapêuticos do cravo-da-índia, o ideal é preparar a bebida por infusão, e não fervendo diretamente a especiaria. “Quando a fervura é prolongada, há risco de degradação térmica dos compostos ativos, como o eugenol”, explica Carla.
O modo de preparo é simples: aqueça 200 ml de água até levantar fervura, desligue o fogo e adicione de 3 a 5 cravos-da-índia. Em seguida, tampe o recipiente e deixe em infusão por cerca de 10 minutos. Depois, é só coar e consumir morno.
Quem deve evitar o chá de cravo-da-índia?
Apesar de natural, o chá de cravo-da-índia deve ser consumido com moderação e atenção a possíveis contraindicações. Laíta aponta que o excesso pode causar efeitos adversos em alguns grupos:
- Gestantes: o uso em grandes quantidades pode induzir contrações uterinas e deve ser evitado;
- Pessoas com problemas no fígado: devem ser cautelosas, pois o eugenol pode ter efeito tóxico em altas doses;
- Pacientes com distúrbios de coagulação ou que usam anticoagulantes: devem evitar o uso sem orientação, já que o cravo pode potencializar o risco de sangramentos;
- Crianças pequenas: também não devem consumir o chá sem recomendação profissional.
“A recomendação geral é limitar o consumo a até duas xícaras por dia, por períodos curtos. O uso moderado é suficiente para aproveitar os efeitos anti-inflamatórios, digestivos e antioxidantes sem sobrecarregar o organismo”, orienta a nutricionista.
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