Crítica: Baby não é tão polêmica assim e precisa de uma sequência
Contada em poucos episódios, história desenvolve-se muito menos do que poderia
atualizado
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Baby foi criticada antes de ser lançada. Porém, após ver os seis episódios, as acusações parecem exageradas. O que era para ser uma série extremamente controversa sobre a prostituição de duas adolescentes entregou uma reprodução inacabada de uma história com potencial incrível.
Geralmente dramas de adolescentes na televisão acabam tendo duas faces: o fiel melodrama – a exemplo de My Mad Fat Diary (2013), Freaks and Geeks (1999) e That ’70s Show (1998) – ou então são ótimas produções dramáticas, como Stranger Things (2016), Riverdale (2017) e Skins (2007). Nesse contexto, o tom estabelecido em Baby parece tentar equilibrar um retrato sombrio com breves momentos de esperança e inocência – mas isso ficou no campo das intenções.
A atração começa com a voz da protagonista Chiara (Benedeta Porcarolli) tentando explicar em uma frase toda a motivação das personagens: “Estamos imersos em um aquário belíssimo, mas sonhamos com o mar”. Estabelecendo isso, a série já diz que a liberdade desses adolescentes é um tema central para a trama. Esse início dá a entender que o resto seria uma história da queda livre social de uma garota, mas isso nunca é explorado.
Um dos maiores problemas do seriado é a falta de conexão entre os atores. Por causa disso, os personagens não têm dimensão e enfrentam dificuldades em se conectar com a audiência. As relações que haviam sido estabelecidas na história antes do começo da série são pouco exploradas e, rapidamente, destruídas. Essa falha do roteiro diminui o impacto da narrativa.
Outra frustração em relação à história é que todas as ações dos personagens parecem não ter consequências. Assim, o conflito vivido por eles acaba sendo insípido. A trama parece estar inacabada, como se os criadores não tivessem tido tempo de discutir tudo que gostariam de ter debatido. Uma audiência acostumada com Gossip Girl (2007) e Skins (2007), provavelmente, não vai ser tão facilmente entretida por Baby – pois a série é uma junção das duas, porém sem espaço para o elemento genial delas.
Embora pareça ser uma produção inacabada, há um grande potencial para se contar uma boa história em Baby. Antes de a série ser lançada, ela já havia sido criticada por fazer apologia à prostituição infantil, mas esse é um tema inexplorado a fundo. Caso a Netflix decida fazer futuras temporadas, a esperança é que os autores deixem de lado suas ressalvas e se joguem na tenebrosa história de duas garotas da elite acidentalmente sugadas em um submundo.
Avaliação: Regular